Em diversos momentos do dia-a-dia somos confrontados com situações que nos fazem mudar a forma como pensamos sobre determinados assuntos. Por vezes, nós mesmos nos tiramos o direito de transmitir ao mundo alguma coisa de valor por medo do que os outros possam pensar.
Muitas vezes, tanto a censura como a autocensura têm que ver com pressões externas aos indivíduos que podem de alguma forma dizer respeito a outras pessoas de interesse. A censura é o processo de repressão da liberdade de expressão, ou seja, a pessoa deixa de dizer alguma coisa porque outra pessoa a influenciou. E a autocensura vai ser o processo segundo o qual os indivíduos inibem-se a si próprios do direito de se expressarem.
O termo surge inicialmente com a classe jornalística que nos países onde durante algum tempo vigorou um regime autoritário, os profissionais da comunicação social não podiam expor seus pensamentos e verdades de forma aberta. Os governos determinavam aquilo que deveria ser publicado e isso dava lugar à parcialidade nos conteúdos divulgados.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), no seu artigo 19° faz menção ao direito segundo o qual “todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões…”. Isto ajuda-nos a compreender melhor a questão da luta contra a censura no mundo inteiro.
Mas quando a censura é provocada pela pessoa e afecta directamente de forma negativa a si próprio (a autocensura)?
A autocensura leva as pessoas que recebem determinada mensagem ou informação a não terem acesso total das informações. Por medo de julgamentos externos, as pessoas não dizem tudo o que pensam ou como realmente pensam, escondem factos, e mesmo que isso não chegue a prejudicar os outros de forma directa pode impedir que as outras pessoas tenham acesso a informações valiosas.
A autocensura pode ser mais perigosa que a censura. Enquanto na censura as outras pessoas é que dizem o que fazer e o que não fazer, se a pessoa é ou não capaz, na autocensura a pessoa limita suas próprias habilidades, fecha-se para o mundo e muitas delas acabam gerando em si distúrbios comportamentais que partem de ligeiros a graves.
Nas empresas, por exemplo, se a autocensura for usada para evitar processos indemnizatórios ou para resolver conflitos éticos, é apenas uma forma legal de criar condições seguras para transmitir a verdade ao público. Mas nem sempre é o que acontece na nossa realidade.
No ambiente de trabalho a autocensura pode se manifestar quando a pessoa não consegue exteriorizar suas ideias, quando por mais que seja bom profissional limita aquilo que pensa ou fica interiorizando que seu discurso não é de grande valia.
Alguns aspectos como o bullying, a baixa autoestima, a falta de confiança em si próprio, o estigma e a discriminação, podem levar a um quadro em que a pessoa desenvolva a autocensura ao longo da vida. Mas a situação é reversível. Com ajuda psicológica a pessoa pode melhorar de forma considerável.
Por: Érica Januário