O antigo Presidente da República, Joaquim Chissano, afirmou esta segunda-feira, em Maputo, que Moçambique continua a enfrentar sérios desafios, mesmo após 50 anos de independência. A pobreza, a corrupção, a exclusão social e o extremismo violento foram identificados como as “novas formas de opressão” que ameaçam a liberdade conquistada em 1975.
“Hoje enfrentamos a pobreza, a corrupção, a exclusão social, a ignorância e o extremismo violento. Essas são as novas formas de opressão que minam o exercício da nossa liberdade”, declarou o ex-Chefe de Estado, durante um simpósio alusivo aos 50 anos da independência nacional e aos 63 anos da Frelimo, realizado em Maputo.
Presidente entre 1986 e 2005, Chissano reconheceu avanços significativos nas áreas da educação, saúde e valorização da cultura nacional, apesar de obstáculos como a guerra civil de 16 anos entre o Governo e a Renamo, desastres naturais e pressões externas.
“Apesar da desestabilização, das calamidades naturais recorrentes e das pressões externas, Moçambique permaneceu firme nos seus princípios fundadores”, afirmou.
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Comprar um espaço para minha empresa.O estadista relembrou que, no momento da independência, não existiam instituições moldadas à realidade do novo Estado, sendo a resiliência do povo e a clareza dos objetivos nacionais os principais pilares do desenvolvimento inicial.
“O que nos valeu foi a clareza que tínhamos dos nossos objetivos e a confiança na criatividade do nosso povo, que acreditava que só a ele cabia a responsabilidade de construir e desenvolver o seu país.”
Apesar dos desafios, Chissano destacou progressos inegáveis em meio século de soberania: a consolidação de instituições democráticas, liberdade de imprensa e expressão, avanços sociais e uma juventude cada vez mais engajada.
“Hoje, após 50 anos, temos instituições democráticas, imprensa livre e liberdade de expressão, avanços económicos e sociais e uma juventude cada vez mais criativa, consciente e determinada a construir a independência económica do nosso país.”
Juventude como motor da nova independência
Apelando diretamente à juventude, Chissano sublinhou o seu papel decisivo na construção de uma nação livre da pobreza e da ignorância. Para isso, incentivou a aliar-se à ciência, inovação, ética e transformação digital como ferramentas para alcançar a verdadeira independência económica.
“A juventude tem, portanto, hoje, por missão assumir, com responsabilidade, a tarefa de construir uma nação livre da pobreza e da ignorância e viver em paz consigo mesma.”
Recordando o Acordo Geral de Paz de 1992, o antigo Presidente sublinhou que a paz continua a ser um bem precioso e que a sua preservação é essencial para o desenvolvimento sustentável do país.
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Anuncie aqui: clique já!“A política deve ser instrumento de transformação, e o diálogo deve ser parte intrínseca da cultura da nossa nação. Que a diversidade de ideias não seja um entrave à nossa marcha.”
Aos 85 anos, Joaquim Chissano continua a ser uma das vozes mais respeitadas da política nacional. É o mais antigo dos ex-Presidentes ainda vivos e presidente honorário da Frelimo, partido que liderou a luta de libertação e cuja história se confunde com a do país. O seu apelo ressoa como um convite à reflexão e à acção, numa altura em que o país celebra os seus 50 anos de independência.