O ministro da Defesa Nacional entende que há fragilidades nas fronteiras nacionais, o que permite a entrada de armas ilegais usadas por terroristas em Cabo Delgado. Jaime Neto falava este domingo, na cimeira extraordinária da União Africana, e defendeu que questões sobre a paz merecem intervenção imediata.
Num contexto que a questão do terrorismo domina as atenções dos governos em África, e de Moçambique, em particular, Jaime Neto levou o tema para a cimeira virtual extraordinária da União Africana. Perante outros chefes de Estado e de Governo, o ministro moçambicano da Defesa falou da situação do nosso país.
“A porosidade das nossas fronteiras facilita o tráfico de armas ligeiras que são usadas por grupos criminosos, terroristas e extremistas para perpetrar actos de violência, causando destruição, morte e dor nas comunidades, impedindo as populações de se beneficiar dos dividendos da paz na forma de emprego, educação, saúde, segurança e uma subsistência condigna”, revelou o governante.
Durante a sua intervenção, o ministro da Defesa Nacional defendeu que questões sobre segurança merecem intervenção imediata, sob risco de culminar em tragédias.
Os conflitos armados terão provocado mais de 27 mil mortos e avultados danos materiais no continente. Só no meu país, desde 2017 registámos cerca de 1.100 óbitos associados à violência armada”, narrou Jaime Neto.
Porque o lema deste ano da União Africana tem a ver com a necessidade de silenciar as armas no continente africano, um dos 14 projectos-âncora da Agenda 2063 da Integração e Transformação Socioeconómica do continente, Jaime Neto falou dos esforços do Estado moçambicano para ver esse desiderato concretizado.
“A adopção deste tema para o lema do ano 2020, serviu para galvanizar o continente em torno desta questão. Como país estamos a equacionar a introdução de algumas medidas e iniciativas com vista a socializar o roteiro para o silenciar das armas, através da criação de uma unidade para o silenciar de armas; socialização da declaração de Joanesburgo que prevê a prorrogação da implementação do roteiro da União Africana sobre as medidas práticas para silenciar as armas em África, por um período adicional de 10 anos no âmbito da nossa presidência na SADC e incorporação deste lema no âmbito da nossa candidatura ao Conselho de Segurança das Nações Unidas em 2023-2024. É chegada a altura de usar esta iniciativa para, de uma vez por todas, desmistificar a narrativa recorrente que associa o nosso continente à violência”, concluiu o ministro.
A cimeira extraordinária da União Africana durou aproximadamente seis horas e foi dirigida pelo Presidente da União Africana e da África do Sul, Cyril Ramaphosa.