Conhecido pelos gemólogos simplesmente como « Bleu », o maior diamante azul do mundo desapareceu pela primeira vez em 1792, durante um assalto no caos da Paris revolucionária. Desde então, ressurgiu e voltou a desaparecer diversas vezes, tanto na Europa como do outro lado do Atlântico. A caça ao tesouro terminou mais de dois séculos depois, graças ao trabalho de historiadores e joalheiros.
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Anuncie aqui: clique já!Normalmente, os diamantes são valorizados pela sua ausência de cor, mas esta pedra extraordinária destacava-se pelo seu azul profundo. Descoberto na Índia e levado para França no século XVII, o diamante pesava 115 quilates, um tamanho extremamente raro no mundo da gemologia.
O rei Luís XIV logo se interessou pela pedra e adquiriu-a em 1668 através do comerciante Jean-Baptiste Tavernier. Para transformá-la num símbolo à altura do Rei Sol, ordenou que fosse lapidada, reduzindo o seu peso para 69 quilates e acentuando o seu brilho. O diamante foi então montado num broche de ouro, refletindo a luz de forma majestosa. Mais tarde, por volta de 1749, o seu bisneto Luís XV decidiu incrustá-lo na insígnia da prestigiosa Ordem do Tosão de Ouro.
Roubo e Conspiração
Quarenta anos depois, em plena Revolução Francesa, Luís XVI e Maria Antonieta foram presos ao tentarem fugir do país. Com os monarcas encarcerados, as joias da Coroa Francesa ficaram sob a guarda do novo governo. Em meados de setembro de 1792, durante uma onda de motins que tomou conta de Paris, o depósito do Garde-Meuble foi saqueado, e os ladrões levaram a maior parte das joias reais em apenas cinco noites.
Entre os raros diamantes perfeitos já descobertos, o diamante Régent fazia parte da coleção da Coroa Francesa desde 1717, quando foi adquirido pelo Duque de Orleães. Também foi roubado em 1792, mas recuperado no ano seguinte. Napoleão Bonaparte fez questão de montá-lo na guarda da sua espada, e hoje o Régent está exposto no Museu do Louvre, em Paris.
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Comprar um espaço para minha empresa.Já o diamante azul teve outro destino. Um dos ladrões, identificado como Cadet Guillot Lordonner, conseguiu fugir de Paris com a insígnia do Tosão de Ouro. Retirou o diamante azul e um espinélio vermelho conhecido como Côte-de-Bretagne, esculpido em forma de dragão. Ao chegar a Londres, tentou vender o Côte-de-Bretagne aos monarquistas franceses exilados, mas acabou preso por dívidas. O espinélio foi posteriormente recuperado, voltando à coleção das joias da Coroa, mas o diamante azul desapareceu.
Alguns especialistas acreditam que o diamante nunca chegou a Londres com Lordonner. Segundo uma teoria, as forças revolucionárias, em desespero, poderiam ter utilizado a pedra para subornar o duque de Brunswick, comandante dos exércitos prussianos que ameaçavam invadir a França. A teoria sugere que, em troca da joia, os prussianos teriam se retirado após a batalha de Valmy, em 20 de setembro de 1792, um evento que fortaleceu o moral dos revolucionários franceses.
Uma Nova Identidade
Em 1812, um diamante azul menor do que o original apareceu em Londres, nas mãos de um comerciante chamado Daniel Eliason. As circunstâncias da sua aquisição permanecem misteriosas, assim como o paradeiro da pedra nos anos seguintes. O que se sabe é que Eliason a apresentou ao joalheiro Jean Francillon, que fez um desenho detalhado e descreveu o diamante como tendo 45,52 quilates, um « azul profundo, sem manchas ou imperfeições ». Curiosamente, a pedra reapareceu apenas dois dias depois de expirar o prazo legal para crimes cometidos durante a Revolução Francesa, o que pode ter encorajado o seu então dono a vendê-la.
Este « novo » diamante azul permaneceu desaparecido até 1839, quando surgiu nos registos da coleção do banqueiro Henry Philip Hope – nome que ficaria eternamente associado à pedra. A família Hope manteve o diamante até 1901, quando foi vendido. Em 1912, foi adquirido pela rica herdeira americana Evalyn Walsh McLean, que frequentemente o usava em eventos sociais. Após a sua morte em 1947, o joalheiro Harry Winston comprou a pedra e, em 1958, doou-a ao Museu Nacional de História Natural dos Estados Unidos, onde permanece até hoje.
Por muito tempo, os especialistas suspeitaram que o diamante Hope e o Bleu de France eram a mesma pedra, mas a confirmação só veio em 2005. Jeffrey Post, curador da coleção de gemas do Museu de História Natural dos EUA, e outros especialistas usaram modelagem computacional para comparar registros do século XVII, ilustrações detalhadas e escaneamentos do diamante Hope. O estudo concluiu que a pedra era, de fato, o antigo diamante azul da Coroa Francesa, lapidado duas vezes ao longo dos séculos.
A Descoberta Decisiva
Em 2007, uma descoberta crucial ajudou a resolver o mistério de vez. No Museu Nacional de História Natural de Paris, foi encontrado um modelo em chumbo do diamante original, em forma de escudo. François Farges, um dos professores do museu, revelou que a etiqueta do modelo trazia a inscrição « Mr Hoppe de Londres », sugerindo que Henry Philip Hope já possuía a pedra antes mesmo de sua segunda lapidação.
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insira aqui seu anúncio !Com base nesse modelo, os cientistas puderam determinar com precisão as dimensões do diamante azul original e refinar as simulações computadorizadas. O estudo confirmou que o Hope Diamond, um dos diamantes mais famosos do mundo, era, na verdade, o antigo Bleu de France.
O maior diamante azul do mundo, que outrora brilhou no peito de Luís XV e desapareceu nos tumultos da Revolução, ressurge assim na história como uma relíquia de um passado de luxo, conspiração e mistério.