Donald Trump surpreendeu o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, com a exibição inesperada de um vídeo sobre alegados abusos contra agricultores brancos durante um encontro oficial na Casa Branca. O episódio, carregado de tensão e imagens controversas, ocorreu esta quarta-feira no emblemático Salão Oval.
Durante o encontro, que tinha como objetivo restabelecer os laços diplomáticos entre os dois países, Trump interrompeu as conversações para projetar um vídeo que, segundo ele, mostra “famílias inteiras” de agricultores brancos a fugirem de suas terras devido a expropriações forçadas e violência. O ex-presidente norte-americano acusou o governo sul-africano de permitir a apropriação ilegal de terras e assassinatos de agricultores sem consequências legais.
“Permitem-lhes tomar as terras, e quando tomam as terras, matam o agricultor branco. E quando matam o agricultor branco, não lhes acontece nada”, afirmou Trump com veemência.
No vídeo, apareciam imagens dramáticas e recortes de imprensa, embora uma das fotografias usadas como prova tenha sido retirada de um contexto completamente diferente — a República Democrática do Congo.
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Comprar um espaço para minha empresa.Ramaphosa, visivelmente desconfortável, refutou categoricamente as acusações, negando que o governo esteja a confiscar propriedades de agricultores brancos com base na nova legislação aprovada em janeiro, que visa corrigir injustiças históricas herdadas do apartheid.
“Não, não, não. Ninguém pode tomar as terras”, respondeu o presidente sul-africano, salientando que a maioria das vítimas da criminalidade no país são pessoas negras.
A visita teve ainda a presença de Elon Musk, nascido na África do Sul e agora próximo conselheiro de Trump. O multimilionário, líder da Tesla, SpaceX e X, é conhecido por apoiar a teoria de que existem leis discriminatórias contra brancos no seu país natal.
Apesar do momento embaraçoso, Ramaphosa tentou manter o tom diplomático. À saída, classificou a reunião como “um grande sucesso” e disse esperar que Trump participe no primeiro cimeira do G20 em solo africano, agendado para novembro, em Joanesburgo.
Durante o vídeo exibido, surgiu ainda o político Julius Malema, líder da oposição radical sul-africana, a entoar o polémico canto “Kill the Boer”, herança da luta contra o apartheid. As imagens culminaram com uma manifestação onde cruzes brancas foram colocadas ao longo de uma estrada rural, como símbolo de agricultores assassinados — que Trump alegou, erradamente, serem túmulos reais.
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Anuncie aqui: clique já!Apesar da tensão, Ramaphosa manteve a postura serena e afirmou à imprensa que Trump não está totalmente convencido da existência de um genocídio branco.
“No fundo, penso que há dúvidas e incredulidade na sua mente quanto a tudo isto”, declarou.
Como tentativa de aliviar o ambiente, o presidente sul-africano levou consigo duas lendas do golfe, Ernie Els e Retief Goosen, na esperança de conquistar a simpatia de Trump, conhecido entusiasta da modalidade.
“Queremos que as coisas melhorem no nosso país”, reforçou Ernie Els no final da visita.