A administração de Donald Trump avançou com a decisão de demitir quase 500 funcionários da Voice of America (VOA), emissora financiada pelo governo norte-americano e criada durante a Segunda Guerra Mundial para combater a propaganda nazi. A medida foi anunciada na sexta-feira à noite e gerou fortes críticas de sindicatos e de jornalistas, que acusam a Casa Branca de atacar a liberdade de imprensa.
A agência que supervisiona a VOA, a US Agency for Global Media (USAGM), informou que um total de 532 cargos seriam eliminados, sendo a maioria dentro da própria VOA, que passaria a operar com apenas 108 funcionários, de acordo com documentos judiciais.
Justificação oficial e contestação sindical
A decisão foi defendida pela CEO interina da USAGM, Kari Lake, que afirmou que o corte ajudaria a “reduzir a burocracia federal, melhorar os serviços da agência e poupar o dinheiro suado dos contribuintes”.
No entanto, um sindicato que representa os trabalhadores classificou a medida como ilegal, em declarações ao New York Times.
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O anúncio ocorreu apenas um dia depois de um juiz ter decidido que a administração Trump não seguiu os procedimentos legais na tentativa de demitir o diretor da VOA, Michael Abramowitz. A justiça também ordenou que Lake fosse interrogada sob juramento por advogados em um depoimento oficial.
Vários funcionários moveram ações judiciais para tentar bloquear as demissões, acusando a direção da agência de querer desmantelar a VOA sem a devida revisão exigida pelo Congresso.
“Consideramos os ataques contínuos de Lake contra a nossa agência como abomináveis”, declararam funcionários em comunicado à imprensa norte-americana.
Funcionamento parcial e exceções
Desde março, a maioria dos jornalistas da VOA encontra-se em licença administrativa, embora parte da redação que produz em farsi tenha sido chamada de volta após a escalada do conflito entre Israel e Irão.
As demissões não afetam os profissionais do Office of Cuba Broadcasting, divisão da VOA que transmite em espanhol a partir de Miami.
Voz crítica e impacto internacional
Críticos afirmam que a ofensiva de Trump contra a VOA representa um ataque direto à liberdade de imprensa e fragiliza a capacidade dos EUA de exercer “soft power” no exterior.
A Casa Branca acusa a emissora de ser “anti-Trump” e “radical”.
Atualmente, a Voice of America transmite conteúdos de TV, rádio e digitais em quase 50 idiomas, sendo considerada uma das principais ferramentas de comunicação internacional dos Estados Unidos.