Milhares de havaianos seguiram o conselho das autoridades e abandonaram as zonas costeiras, depois de um forte sismo registado a milhares de quilómetros de distância, perto da Rússia, ter gerado um alerta de tsunami para o Havai e outras partes do Pacífico.
Na noite de terça-feira, o Centro de Alerta de Tsunami do Pacífico confirmou que ondas com vários metros de altura estavam a atingir as ilhas de Maui, Oahu e Havai, onde se localiza a capital, Honolulu.
“Devem ser tomadas medidas urgentes para proteger vidas e propriedades,” alertou o centro, sublinhando que o perigo pode durar horas.
O governador Josh Green pediu às populações em zonas baixas que mantivessem a calma e se deslocassem para áreas mais elevadas, mas declarou mais tarde que ainda não tinha sido registada nenhuma “onda de grande impacto” no estado.
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Comprar um espaço para minha empresa.As estradas ficaram rapidamente congestionadas com residentes a evacuar. Em Maui, uma ilha já duramente atingida por incêndios há dois anos, muitos moradores dirigiram-se para terrenos mais altos.
Na costa oeste dos Estados Unidos, estados como Califórnia e Alasca também iniciaram preparativos próprios, respondendo a um aviso menos severo emitido pelo Centro Nacional de Alerta de Tsunami (NTWC).
Segundo o NTWC, um “aviso” indica inundações significativas esperadas ou em curso, enquanto um “alerta” representa a possibilidade de correntes fortes ou ondas perigosas.
A sismóloga Dr. Lucy Jones previu que as ondas poderiam causar danos em portos e propriedades costeiras no Havai — e possivelmente também na Califórnia — mas sem provocar perdas catastróficas de vidas nas Américas.
As ondas mais altas no Havai podem atingir vários metros, mas para comparação, durante o tsunami mortal no Japão em 2011, elas alcançaram os 13 metros.
População não arrisca: “Desta vez, levamos a sério”
Apesar da incerteza, muitos havaianos preferiram não arriscar.
David Dorn, residente em Kihei (Maui) há 30 anos e familiarizado com alertas de tsunami, contou à BBC que, desta vez, ele e a esposa decidiram agir.
“Tentamos sempre levar a sério, mas a maioria das pessoas tende a desvalorizar um pouco”, disse, referindo-se às sirenes de alerta que começaram a soar desde o primeiro aviso.
O casal evacuou para uma zona interior, planeando passar a noite na carrinha estacionada num centro comercial. Antes de sair, Dorn subiu os seus aparelhos eletrónicos para o sótão, na esperança de que a água do mar não atingisse essa altura, caso invadisse o edifício.
A sua maior preocupação era o trânsito, sobretudo se postes elétricos caíssem e bloqueassem as estradas.
“O trânsito é sempre um problema — e ainda pior em emergências como esta”, explicou.
Outro residente de Maui, Roger Pleasanton, descreveu o tráfego como “Nova Iorque em hora de ponta”. Planeava ir ao supermercado, mas desistiu:
“Acho que vou esquecer as compras e simplesmente sair daqui.”
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Anuncie aqui: clique já!Abrigos abertos e água cortada em Maui
Enquanto Maui se preparava para a chegada das ondas, foram abertos abrigos e as infraestruturas de água foram temporariamente desligadas para prevenir danos.
A moradora Felicia Johnson, de 47 anos, disse que não fugia de um tsunami há mais de uma década. Numa altura em que as águas baixaram e depois subiram significativamente — padrão comum antes de um tsunami — decidiu refugiar-se nas montanhas com o marido e os dois cães.
“É estranhamente assustador”, afirmou, enquanto carregava o camião com os seus pertences.
Comparou a situação com o incêndio devastador em Lahaina, há dois anos, que surpreendeu a ilha sem aviso prévio.
“Agora temos tanto aviso que, se não sairmos, é culpa nossa,” concluiu.