Na quarta-feira, cerca de 300 migrantes iniciaram uma caminhada para o norte do México, saindo da cidade de Tapachula, no estado de Chiapas, acompanhados por policiais e um sacerdote católico, apesar da prisão do ativista que ajudou a organizar o grupo.
Na terça-feira, as autoridades detiveram Luis García Villagrán, líder de uma organização não governamental local, sob acusações relacionadas ao tráfico de pessoas.
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, afirmou durante sua coletiva diária na quarta-feira que Villagrán “não é um ativista”, mas sim envolvido no crime de tráfico de pessoas.
Sheinbaum também mencionou que havia um mandado de prisão contra ele em aberto há vários anos, sem explicar por que ele não havia sido preso antes, apesar de sua atuação pública e conhecida.
Publicidade_Pagina_Interna_Bloco X3_(330px X 160px)
Comprar um espaço para minha empresa.Mais tarde, autoridades mexicanas divulgaram um comunicado conjunto da Procuradoria Geral e das forças de segurança informando que uma rede de traficantes de migrantes foi identificada. Essa rede utilizava diversas organizações e fundações como fachada para movimentar pessoas e drogas pelo país, sem dar detalhes adicionais.
Segundo o comunicado, Villagrán teria facilitado a obtenção de documentação falsa para permitir que migrantes atravessassem o México.
O grupo que partiu de Tapachula, próxima à fronteira com a Guatemala, era relativamente pequeno em comparação às grandes caravanas de migrantes dos anos anteriores. Desde a posse do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, em janeiro, o fluxo de migrantes públicos tem sido muito reduzido, embora essa queda já ocorresse antes.
Os migrantes que caminham afirmam que seu objetivo não é chegar aos Estados Unidos, mas sim ao centro do México. Muitos reclamam que aguardam há meses uma resposta para a legalização do seu status ou para o pedido de asilo, sem sucesso.
Nos últimos anos, o governo mexicano tem implementado políticas para conter os migrantes no sul do país, longe da fronteira com os Estados Unidos. Essa estratégia tem causado aglomerações em Tapachula, onde centenas já saíram em protestos a pé.
Chiapas é o estado mais pobre do México e os migrantes se queixam da escassez de trabalho e moradia disponível.
Na caminhada, Johnny López, do Equador, viajava com sua esposa e três filhos, incluindo um bebê nascido em Tapachula. Eles aguardavam o resultado do pedido de asilo, que foi negado, e agora planejam seguir para a Cidade do México, onde López espera encontrar emprego para sustentar a família.
O grupo foi escoltado por agentes de imigração, policiais, fuzileiros navais e paramédicos.
O padre católico Heyman Vázquez, que acompanhava os migrantes, considerou a prisão de Villagrán “injusta”.
Segundo ele, a detenção demonstra a preocupação do governo mexicano com as caravanas de migrantes, problema que, na sua visão, seria resolvido facilitando a legalização dos migrantes.