Mais de 200 incêndios ativos continuam a devastar o centro e o oeste do Canadá, levando à evacuação de mais de 26.000 pessoas e à emissão de alertas de qualidade do ar em vários Estados americanos. Embora a fumaça dos incêndios tenha alcançado a Europa, as autoridades garantem que não há perigo para a saúde no continente europeu, uma vez que as partículas circulam a altitudes muito elevadas.
O início precoce e a intensidade da atual época de incêndios estão a alarmar os especialistas. Já arderam cerca de dois milhões de hectares — o equivalente à superfície da Eslovénia —, num fenómeno agravado pelas condições de seca severa que atingem várias regiões do país. Este cenário reacende o trauma do verão de 2023, que ficou marcado por 15 milhões de hectares consumidos pelas chamas.
As províncias da Saskatchewan e Manitoba declararam recentemente estado de emergência, enquanto na Alberta, alguns centros de produção petrolífera foram forçados a suspender operações. Em zonas remotas do centro do país, o exército canadiano foi mobilizado para apoiar as evacuações, sobretudo em comunidades indígenas severamente atingidas.
«Estamos a atravessar um período muito difícil», declarou Eleanor Olszewski, ministra da Gestão de Emergências, numa conferência de imprensa. Segundo o Centro Interserviços de Incêndios Florestais do Canadá (CIFFC), mais de metade dos mais de 200 fogos ativos estão fora de controlo, sobretudo nas regiões centro e oeste.
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Comprar um espaço para minha empresa.Enquanto as evacuações continuam, uma vasta nuvem de fumo propaga-se por grande parte da América do Norte, provocando crepúsculos alaranjados e reduzindo significativamente a qualidade do ar. A Environment Canada alerta que o ar está saturado de partículas finas como fuligem, cinzas e poeiras, representando um risco sério à saúde pública.
Nos Estados Unidos, Michigan, Wisconsin, Minnesota e Nebraska emitiram avisos à população devido ao agravamento das condições atmosféricas. Milhões de cidadãos foram aconselhados a reduzir a exposição ao ar livre.
De acordo com o observatório europeu Copernicus, as nuvens de fumo atravessaram o Atlântico e alcançaram a Europa, embora circulem a altitudes elevadas, sem representar perigo direto para a saúde. Mark Parrington, cientista principal do Serviço de Monitorização da Atmosfera (CAMS), explicou que as emissões de gases com efeito de estufa nas regiões afetadas têm sido particularmente elevadas nas últimas semanas.
As previsões meteorológicas indicam que a época de incêndios poderá ser « acima da média » em junho e julho, e « muito acima da média » em agosto, sobretudo devido à seca severa ou extrema que afeta amplas áreas do Canadá.
Na província de Saskatchewan, o primeiro-ministro Scott Moe advertiu que os próximos dias serão particularmente desafiantes. «Ainda estamos longe do fim e o tempo não dá sinais de querer melhorar», disse na terça-feira.
Segundo dados oficiais, a maioria dos incêndios é causada por atividade humana, na maioria das vezes de forma acidental, num ambiente extremamente seco. O professor Hossein Bonakdari, especialista da Universidade de Ottawa, explica que a redução do manto de neve na primavera expôs antecipadamente o solo e a vegetação, acelerando o seu ressecamento. Isso criou condições ideais para incêndios extremos, mesmo antes de surgirem as primeiras chamas.