Após a descoberta de um canal Telegram com 220 000 membros que partilhavam deepfakes pornográficos, o Presidente sul-coreano declarou guerra a estes criminosos digitais.
A guerra foi declarada. O Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, lançou uma grande ação contra a proliferação de crimes sexuais digitais no país. Há já algum tempo que indivíduos criam deepfakes a partir de fotografias de pessoas, utilizando-as para as incorporar em falsos vídeos pornográficos. Os principais alvos são mulheres, incluindo menores, e estes conteúdos são por vezes utilizados para chantagem sexual.
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Comprar um espaço para minha empresa.Na origem desta epidemia está a aplicação de mensagens encriptadas Telegram, na qual as autoridades sul-coreanas descobriram um canal com 220.000 membros dedicados à criação, visualização e partilha destas imagens falsas. Segundo os meios de comunicação social sul-coreanos, as vítimas são frequentemente estudantes, professores ou militares.
De acordo com a agência noticiosa Yonhap, a polícia recebeu instruções para perseguir “agressivamente” todos os autores e distribuidores deste tipo de conteúdos, no âmbito de uma campanha de sete meses que começa esta quarta-feira. A campanha visa, nomeadamente, a pornografia infantil. De acordo com a legislação em vigor, o fabrico de deepfakes sexualmente explícitos para distribuição é punível com cinco anos de prisão ou uma multa que pode atingir 50 milhões de won (cerca de 2,5 milhões de meticais).
De acordo com a agência nacional de polícia, foram registados 297 casos de crimes sexuais fictícios nos primeiros sete meses deste ano, contra 180 no ano anterior e quase o dobro do número registado em 2021, ano em que estas estatísticas começaram a ser compiladas. Das 178 pessoas acusadas, 113 eram adolescentes. No entanto, os números oficiais não dão uma imagem completa da situação, uma vez que estes criminosos operam frequentemente em redes clandestinas e opacas.
Uma análise do diário sul-coreano Hankyoreh revelou a existência de canais Telegram utilizados para partilhar deepfakes de alunos, incluindo raparigas do ensino secundário. O sindicato dos professores coreanos informou que tinha descoberto deepfakes de carácter sexual envolvendo alunas e pediu ao Ministério da Educação que abrisse um inquérito.
Os autores destes conteúdos ilegais utilizam frequentemente fotografias tiradas em redes sociais como o Instagram para captar imagens das suas vítimas e incorporá-las nas suas produções pornográficas.
Esta nova ameaça digital que a Coreia do Sul enfrenta vem na sequência de uma luta feroz para erradicar o fenómeno do “molka” (vídeos sexuais filmados em segredo).