Imediatamente após a adoção do 17.º pacote de sanções contra a Rússia, com foco na sua chamada “frota fantasma”, a chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, anunciou que está já a preparar um 18.º conjunto de medidas com o objetivo de “fazer com que a Rússia queira a paz”.
Este novo pacote surge no contexto de uma pressão renovada sobre Vladimir Putin para que aceite um cessar-fogo incondicional de 30 dias na Ucrânia.
A decisão foi tomada após a aprovação, esta terça-feira, de uma décima sétima ronda de sanções, que visou nomeadamente novos navios “fantasma” utilizados para contornar os embargos existentes sobre as exportações de petróleo russo.
Ao todo, os 27 Estados-membros da União Europeia sancionaram 189 embarcações, congelaram ativos e impuseram proibições de viagem a vários responsáveis russos e a várias empresas. As medidas foram aprovadas durante uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros em Bruxelas.
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Comprar um espaço para minha empresa.A Rússia utiliza a sua “frota fantasma” para transportar petróleo, gás e também cereais saqueados da Ucrânia. No total, quase 350 navios já foram visados pelas sanções da UE.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, confirmou o novo pacote após uma chamada com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, afirmando que está na hora de “intensificar a pressão sobre Moscovo”.
Obstáculos políticos e divergências transatlânticas
A implementação destas medidas enfrenta dois entraves significativos: a oposição da Hungria e a falta de coordenação com os Estados Unidos.
Kaja Kallas reconheceu que um acordo unânime entre os Estados-membros será difícil, mas sublinhou que isso não deve impedir a UE de agir. “Não temos escolha. Temos de aumentar a pressão”, afirmou durante o encontro em Bruxelas.
Nos Estados Unidos, a posição é mais ambígua. Após uma chamada telefónica de duas horas com Vladimir Putin, o ex-presidente Donald Trump declarou que não apoiaria novas sanções ao Kremlin, apostando num possível avanço diplomático resultante do diálogo.
Esta declaração ameaça minar o esforço europeu, sobretudo os apelos de países como a Ucrânia, os países nórdicos e os Estados bálticos, que defendem sanções mais duras.
A porta-voz da Comissão Europeia, Paula Pinho, comentou que será necessário perceber se as medidas poderão avançar no âmbito do G7 ou se terão de seguir um caminho europeu autónomo.
Futuro das relações UE-Rússia e fim da dependência energética
Outro ponto de discórdia prende-se com a visão sobre o pós-guerra. Donald Trump manifestou vontade de restabelecer as relações económicas com a Rússia, admitindo que isso possa acontecer caso as sanções sejam levantadas. “A Rússia tem potencial para criar empregos e riqueza em grande escala”, declarou.
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Anuncie aqui: clique já!Por outro lado, a UE mantém firme a sua posição: as sanções só serão levantadas quando a Rússia retirar completamente as suas tropas da Ucrânia e for alcançada uma paz duradoura.
Além disso, a maioria dos países europeus defende que os ativos russos congelados — avaliados em 210 mil milhões de euros — devem permanecer bloqueados até Moscovo pagar reparações de guerra.
Neste sentido, a Comissão Europeia apresentou no início do mês uma estratégia ambiciosa para eliminar todas as importações de energia russa até ao final de 2027, o que representa um corte profundo nas relações comerciais com Moscovo.