O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que as negociações de cessar-fogo entre a Rússia e a Ucrânia vão começar imediatamente após uma chamada telefónica com o Presidente russo Vladimir Putin.

Numa publicação na plataforma Truth Social, Trump declarou que a conversa « correu muito bem » e que « a Rússia quer realizar comércio em larga escala com os Estados Unidos quando este ‘banho de sangue’ catastrófico terminar ».

Apesar disso, Trump indicou que mais detalhes seriam fornecidos mais tarde pelo porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, ou pelo chefe da equipa de negociação de Moscovo, Vladimir Ushakov.

De acordo com declarações publicadas pela agência estatal russa TASS, Vladimir Putin confirmou que a Rússia está pronta para trabalhar com a Ucrânia na elaboração de um memorando para um possível futuro acordo de paz, incluindo a definição de princípios, prazos e até a possibilidade de um cessar-fogo temporário, caso haja entendimentos apropriados.

A conversa entre os dois líderes terá durado mais de duas horas, segundo a mesma agência.

O Kremlin mantém a sua posição de que é necessário abordar o que considera serem as “causas profundas” da guerra, incluindo as aspirações da Ucrânia de aderir à União Europeia e à NATO.

Moscovo também insiste que a Aliança Atlântica violou promessas anteriores de não se expandir para leste, além de acusar o governo ucraniano de discriminar cidadãos russófonos e de exigir a chamada “desnazificação” da Ucrânia, embora não tenha apresentado provas para estas alegações.

Trump afirmou ainda que informou de imediato o Presidente da Ucrânia Volodymyr Zelenskyy, a Presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen, o Presidente francês Emmanuel Macron, a Primeira-Ministra italiana Giorgia Meloni, o Chanceler alemão Friedrich Merz e o Presidente finlandês Alexander Stubb sobre a chamada com Putin.

Segundo Trump, o Vaticano, representado pelo Papa, manifestou grande interesse em acolher as futuras negociações de paz.

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, comentou que o principal objetivo de Trump é alcançar um cessar-fogo, mas admitiu também que o Presidente dos EUA está « muito frustrado com ambos os lados » da guerra.

Em declarações feitas a 15 de maio, Trump disse aos jornalistas que “nada vai acontecer até que eu e Putin estejamos juntos” e acrescentou “acho que está na hora de simplesmente avançarmos”.

Antes da publicação de Trump nas redes sociais, Putin já tinha afirmado que “um cessar-fogo é possível se forem alcançados os acordos certos”, sem especificar o conteúdo desses acordos.

O Vice-Presidente dos EUA, JD Vance, disse também na segunda-feira que Trump pretendeu pressionar Putin para saber se este está verdadeiramente interessado em pôr fim à invasão em larga escala da Ucrânia.

Vance reconheceu que há um certo impasse nas negociações e afirmou que Trump irá confrontar Putin diretamente perguntando “Estás a falar a sério? Queres mesmo resolver isto?”.

Admitiu ainda não ter a certeza se Putin tem uma estratégia clara para encerrar a guerra e alertou que Washington poderá abandonar o papel de mediador caso não haja avanços concretos rumo à paz.

Apesar de ter sido Putin a sugerir conversações diretas entre Moscovo e Kyiv, recusou o convite de Volodymyr Zelenskyy para se reunir em Istambul na semana passada, enviando em vez disso uma delegação de menor nível.

Zelenskyy reagiu nas redes sociais, dizendo que as reuniões de 15 e 16 de maio mostraram ao mundo a vontade da Ucrânia de aproximar a paz e, consequentemente, a necessidade de se aumentar a pressão internacional sobre a Rússia para pôr fim à guerra.

O principal resultado dos encontros foi um acordo para a troca de mil prisioneiros de guerra de cada lado, com os preparativos já em curso sob coordenação dos Serviços de Segurança da Ucrânia.