A União Europeia (UE) e os Estados Unidos chegaram a um acordo preliminar para evitar uma guerra tarifária potencialmente devastadora entre duas das maiores economias do mundo, definindo uma tarifa única de 15% para a maioria dos produtos europeus exportados aos EUA. O pacto foi finalizado no domingo, durante encontro entre a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente dos EUA, Donald Trump, na Escócia.
Segundo o acordo, a tarifa de 15% será aplicada “de forma abrangente” a grande parte dos produtos europeus que entram no mercado americano, bloqueando a imposição de outras tarifas adicionais. O valor exato da tarifa para produtos americanos exportados à UE ainda não foi divulgado.
Em declarações após a reunião, Trump afirmou: « acho ótimo termos feito um acordo hoje, em vez de jogar jogos políticos » e classificou o entendimento como « o maior acordo já feito« . Ursula von der Leyen destacou que o pacto traz “estabilidade e previsibilidade”, algo vital para as empresas de ambos os lados do Atlântico.
A tarifa de 15% representa uma concessão dos EUA, inferior à tarifa inicial de 20% imposta por Trump em abril e à ameaça de 30% feita recentemente. Além disso, o valor está alinhado com o aplicado a países como Japão (15%), sendo inferior às tarifas negociadas com Indonésia e Filipinas (19%).
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Comprar um espaço para minha empresa.Durante as negociações, a Comissão Europeia havia oferecido inicialmente uma proposta “zero-para-zero”, ou seja, sem tarifas para nenhuma das partes. A escalada de tensões levou a preparação de listas de medidas retaliatórias contra produtos americanos, avaliadas em €93 bilhões, embora diferenças internas na UE tenham impedido sua aplicação.
O acordo prevê ainda um esquema “zero-para-zero” para setores estratégicos, incluindo aeronaves e componentes, equipamentos semicondutores, matérias-primas críticas e alguns produtos químicos e agrícolas. Von der Leyen afirmou que o bloco continuará buscando ampliar essa lista.
Além disso, a UE compromete-se a gastar mais de 250 bilhões de dólares por ano na compra de gás natural liquefeito (GNL), petróleo e combustíveis nucleares dos EUA, num total estimado em cerca de 700 bilhões até o fim do mandato de Trump.
A presidente da Comissão Europeia ressaltou que o objetivo é rebalançar a relação comercial entre as duas potências, garantindo a continuidade do comércio transatlântico de forma equilibrada. Trump destacou que o acordo será benéfico para ambas as partes e criará “bons empregos” nos dois mercados.
Entre os temas sensíveis, os produtos farmacêuticos mereceram atenção especial. Trump afirmou que esses produtos serão excluídos do acordo, pois deseja que sejam fabricados nos EUA. Von der Leyen reconheceu que os medicamentos europeus estarão sujeitos à tarifa de 15%, mas admitiu que Trump poderá adotar medidas adicionais “a nível global”.
O encontro ocorreu em meio a uma pressão crescente, já que Trump havia fixado o prazo de 1º de agosto para que os países oferecessem concessões significativas ou enfrentassem tarifas punitivas.
Enquanto isso, um tribunal federal nos EUA se prepara para julgar a legalidade da autoridade presidencial para impor tarifas abrangentes sob a justificativa de emergência nacional, o que poderá abrir um novo capítulo na saga comercial.