Moçambique: A comissão de inquérito “profundamente preocupada” com exploração sexual

“Tal como todos os cidadãos que acompanham este caso, os membros da comissão também estão profundamente preocupados em trazer à superfície toda a verdade, mas toda a verdade mesmo”, afirmou Sinai Nhatitima, presidente da comissão de inquérito.

O responsável falava durante uma conferência de imprensa em Maputo, momentos após a primeira reunião do grupo.

https://www.moz.life/mozbox/produit/as-dunas-tarifa-por-pessoa/

A ministra da Justiça moçambicana, Helena Kida, visitou o estabelecimento na quarta-feira e manteve encontros privados com as reclusas, tendo anunciado à comunicação social no fim da visita a criação de uma comissão de inquérito dirigida pelo ministério, embora vá integrar também os Serviços de Investigação Criminal, o Ministério Público, a Comissão Nacional dos Direitos Humanos, a Ordem dos Advogados de Moçambique, a Associação de Mulheres de Carreira Jurídica e psicólogos.

O presidente da comissão, que tem um prazo de 15 dias para apresentar resultados, disse ainda que o grupo parte “de peito aberto” para ouvir todas as partes, respeitando os princípios básicos, como a presunção de inocência.

“Temos de ser pragmáticos. No processo podem surgir novos elementos e dinâmica que exijam que trabalhemos além dos 15 dias”, acrescentou, não obstante o prazo, Sinai Nhatitima.

Além de investigar, a comissão deverá também propor soluções e alternativas capazes de humanizar o sistema penitenciário e apresentar recomendações sobre medidas a tomar no que respeita a organização e funcionamento dos serviços penitenciários.

Várias organizações da sociedade civil, incluindo o principal partido da oposição, criticaram o facto de a comissão criada ser dirigida pelo Ministério da Justiça, exigindo uma investigação independente.

Além de anunciar a criação da comissão, após a sua visita à cadeia na quarta-feira, a ministra da Justiça moçambicana decidiu suspender a direção do estabelecimento penitenciário.

Segundo o relatório do CIP, divulgado na terça-feira, a alegada rede para a exploração sexual “é um negócio lucrativo” e “as reclusas são tratadas como uma mercadoria e têm um preço”, só ao alcance de pessoas com algumas posses em Maputo.

“Pombinhas”, “coelhinhas” são alguns dos termos usados pelos guardas prisionais para se referirem às mulheres durante a negociação com os clientes: acerta-se o dia, o local do encontro e o preço – os guardas podem receber cerca de 40 a 400 euros por cada reclusa entregue, acrescenta o documento do CIP.

https://www.moz.life/mozbox/produit/sabie-game-park-mocambique/

O Estabelecimento Penitenciário Especial para Mulheres de Maputo alberga um total de 97 reclusas, distribuídas por oito celas, com capacidade para 20 pessoas cada.

leave a reply