Mais de seis meses após as Eleições Gerais de 2024, o partido Nova Democracia (ND), liderado por Salomão Muchanga, voltou a levantar sérias acusações contra os órgãos eleitorais e a Procuradoria-Geral da República (PGR). Num comunicado divulgado esta segunda-feira (28), o partido denuncia o que considera uma “manipulação sistemática” do processo eleitoral, responsabilizando legalmente a Comissão Nacional de Eleições (CNE), o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e o Conselho Constitucional (CC).
A ND critica duramente o silêncio da PGR, acusando-a de inação perante “crimes eleitorais graves” e ignorar denúncias fundamentadas de vários sectores da sociedade civil. “PGR, onde estão os processos da CNE, STAE e CC?”, questiona o partido num tom de indignação.
O comunicado afirma que o “vício patológico pelo poder” levou à violação dos preceitos legais e democráticos, resultando numa “partidocracia assente na fraude”. O partido denuncia ainda uma suposta « captura antecipada » dos órgãos eleitorais pelo regime autoritário, com o objetivo de garantir uma vitória previamente perdida nas urnas.
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Comprar um espaço para minha empresa.Entre as irregularidades apontadas pela ND estão:
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Violação da Lei Eleitoral
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Ausência de auditoria no recenseamento
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Cadernos eleitorais não fiáveis
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Formação deficiente dos membros das mesas de voto
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Intimidação e perseguição de observadores eleitorais
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Alteração de resultados e invalidação de votos
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Prisões arbitrárias, violência policial e até assassinatos
Num tom simbólico e de luto político, o comunicado recorda nomes como Lúcia Ribeiro e o Bispo Matsinhe, considerados vítimas da instrumentalização das instituições.
A ND considera que a fraude foi sustentada por provas apresentadas por tribunais locais, observadores nacionais e internacionais, organizações da sociedade civil e membros das assembleias de voto, mas que a PGR permanece “como um actor do cinema mudo”, indiferente aos apelos por justiça.
“A PGR confunde-se com o atrelado do tractor”, escreve o partido, numa metáfora que critica a alegada submissão da procuradoria ao partido no poder. Essa omissão institucional, segundo o comunicado, “desnuda o Estado de Direito Democrático” e ofende a vontade popular.
Além de exigir responsabilização penal da CNE, STAE e CC, a ND reafirma o seu papel como “repositório da vontade popular” e estende solidariedade ao ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, alvo de um processo movido pela própria PGR, interpretado como mais uma forma de perseguição política.
As eleições de 2024 foram marcadas por tensões, protestos e alegações de vitória da oposição em zonas urbanas. Observadores internacionais reconheceram avanços técnicos, mas também identificaram graves deficiências na contagem e transparência.
Neste contexto, a ND reabre o debate sobre a legitimidade das instituições eleitorais e a necessidade urgente de uma reforma profunda do sistema democrático moçambicano.