Alegando representar antigos guerrilheiros desmobilizados da Renamo, um grupo de dissidentes rejeitou a recente reunião do Conselho Nacional do partido, realizada na passada quinta-feira na cidade de Nampula, por considerar que o encontro não produziu os resultados esperados.
De acordo com a estação televisiva independente STV, os ex-combatentes queixam-se de terem sido excluídos do encontro e lamentam que o Conselho não tenha destituído o líder Ossufo Momade.
A única concessão feita por Momade foi a de não se recandidatar à presidência do partido no próximo congresso da Renamo, previsto apenas para 2029.
Apesar das críticas, Momade mantém o argumento da sua legitimidade democrática, uma vez que foi eleito presidente da Renamo em 2019 e reeleito em 2024.
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Anuncie aqui: clique já!Os dissidentes, por sua vez, afirmam querer “reunificar a família Renamo”, defendendo a realização de um congresso extraordinário para discutir o futuro do partido.
Até à semana passada, o principal pedido dos opositores de Momade era precisamente a convocação do Conselho Nacional, mas como a reunião não trouxe as mudanças desejadas, os dissidentes decidiram ignorar as deliberações.
Nos últimos meses, estes grupos invadiram e ocuparam várias sedes da Renamo em todo o país, tentando forçar a saída de Momade. No entanto, como a liderança resistiu, os dissidentes anunciaram agora que irão abandonar as instalações ainda ocupadas.
Não é claro quantos ex-combatentes este grupo representa, nem de onde vem o financiamento para as suas atividades.
Momade é amplamente responsabilizado pelo desempenho dececionante da Renamo nas eleições presidenciais e legislativas de 2024. O próprio líder caiu de segundo para terceiro lugar nas presidenciais, e o grupo parlamentar da Renamo perdeu mais de metade dos seus assentos, passando de 60 para 32 deputados.
Contudo, atribuir o fracasso exclusivamente a Momade parece exagerado. No congresso de 2024, a Renamo teve oportunidade de eleger uma nova liderança, mas optou por manter o statu quo.
Antes do congresso, o partido poderia ter apoiado Venâncio Mondlane, que, ao candidatar-se como independente, acabaria por ser o segundo mais votado nas presidenciais. No entanto, Mondlane foi impedido de participar no congresso da Renamo, realizado em Alto Molocué, e acabou por abandonar o partido pouco tempo depois.
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Comprar um espaço para minha empresa.A exclusão de Mondlane é vista por analistas como um erro estratégico que contribuiu para o enfraquecimento interno da Renamo. O partido, ao dividir-se, perdeu a posição de principal força da oposição, vendo o Podemos, liderado por Albano Forquilha, assumir o estatuto de segunda maior força parlamentar em Moçambique.
A perda de influência política reflete-se também nas finanças da Renamo, uma vez que os subsídios estatais são distribuídos conforme o número de assentos parlamentares. Com o colapso eleitoral, a Renamo viu o seu orçamento praticamente reduzido a metade, colocando em risco a manutenção das suas delegações provinciais e distritais.