Devemos ter medo das armas nucleares tácticas russas instaladas na Bielorrússia?

O Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, acaba de anunciar que o seu país recebeu armas nucleares tácticas russas no seu território. Que armas são essas? Moscovo vai usá-las?

“Temos mísseis e bombas que recebemos da Rússia. […] São três vezes mais potentes do que a bomba lançada sobre Hiroshima em 1945”, declarou o Presidente bielorrusso Alexander Lukashenko numa entrevista concedida ao canal de televisão russo Rossia 1. O Presidente sublinhou que foi a Bielorrússia que pediu à Rússia que lhe devolvesse o arsenal nuclear que lhe tinha sido retirado após a queda da União Soviética.

Estas armas não são quaisquer armas, são ogivas nucleares tácticas. Chegaram à Bielorrússia no momento em que a contraofensiva de Kiev tinha começado. Ao instalá-las em território bielorrusso, perto da Ucrânia, dos Estados Bálticos e da Polónia, Moscovo tenta, uma vez mais, assustar os povos do Ocidente. Sabe muito bem que a palavra-chave “nuclear” suscita imediatamente o receio de uma escalada apocalíptica, e funciona sempre. Faz regularmente passar esta ameaça, apesar de uma tal escalada ter sido refutada pelos membros da NATO.

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Desde estas declarações iniciais sobre a utilização de armas nucleares tácticas, os membros da aliança explicaram que não reagiriam retaliando com ogivas do mesmo tipo, mas que neutralizariam todas as tropas russas presentes na Ucrânia com armas convencionais. A guerra nuclear é, portanto, improvável, a não ser que o Presidente russo lance uma última resistência, atingindo o Ocidente com mísseis nucleares estratégicos, o que continua a ser improvável.

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Não são “bombas”!

Mas o que são exatamente estas armas nucleares tácticas? O termo “arma nuclear tática” não tem nada de oficial. A sua definição é muito vaga. Entende-se que estas armas são de alcance intermédio e que são menos potentes do que as armas nucleares estratégicas de longo alcance. Uma seria utilizada taticamente no campo de batalha para destruir complexos militares, ou para atingir uma cidade intermédia para traumatizar a população e provocar a rendição. A outra seria utilizada para proteger um país cuja integridade territorial estivesse ameaçada.

A NATO estima que uma arma nuclear tática pode ser utilizada para atingir um local até 300 quilómetros de distância. Em termos de destruição, uma arma deste tipo está longe de ser uma “bomba”. O seu poder de fogo situa-se entre 1 e 100 kt. A título de comparação, a bomba Little Boy lançada sobre Hiroshima tinha um poder de fogo de 15 kt. Em todo o caso, estamos muito longe da MOAB, a bomba convencional mais potente testada pelo exército americano no Afeganistão em 2017. Uma ogiva nuclear tática seria, portanto, pelo menos 1000 vezes mais potente do que esta arma já formidável. Em todo o caso, a utilização de um único destes mísseis nucleares mudaria a face do mundo, mesmo que a sua utilização pareça altamente improvável.

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