O político moçambicano Venâncio Mondlane manifestou, esta terça-feira, a intenção de o seu partido, Anamola, participar no diálogo político em curso em Moçambique, afirmando ter propostas concretas a apresentar para reformas no Estado e no sistema eleitoral.
“Temos interesse e não só dizemos isso hoje, como também nas duas sessões que nós tivemos com o Governo atual, nós fizemos questão de repisar esta questão: queremos contribuir, temos ideias a submeter”, declarou Mondlane, durante a primeira sessão extraordinária do partido Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo (Anamola), recentemente aprovado pelo Ministério da Justiça moçambicano.
No passado 5 de março, o Presidente moçambicano, Daniel Chapo, os principais partidos políticos e algumas formações extraparlamentares assinaram, em Maputo, um acordo voltado para reformas estatais, no âmbito do diálogo político que visa pôr fim à crise pós-eleitoral no país.
Na ocasião, o chefe de Estado afirmou que o acordo abre “novas perspetivas” para o futuro, sublinhando que “não é sobre pessoas”, mas que representa “uma nova era” para Moçambique.
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Comprar um espaço para minha empresa.Durante a sessão do Anamola, Mondlane destacou também a necessidade de reformas no sistema eleitoral, propondo a criação de um modelo de “apuramento parcial online” dos resultados, como forma de aumentar a confiança pública no processo.
O ex-candidato presidencial insistiu ainda que Moçambique precisa de “mudar as regras do jogo”, sugerindo a elaboração de uma nova Constituição, acompanhada de uma reforma fiscal que permita maior descentralização do poder.
“Para a existência de um Estado, na perspetiva do Anamola, a justiça social é fundamental. Se não há oportunidades igualitárias para todos, então há um problema existencial desse mesmo Estado”, acrescentou Mondlane.
O Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos confirmou, em 15 de agosto, a aceitação do pedido de registo do Anamola, submetido em abril. Dias antes, em 07 de agosto, Mondlane anunciou a alteração do nome do partido, de Anamalala para Anamola, após objeções do Governo.
A sigla anterior, Anamalala, significava “vai acabar” ou “acabou”, expressão usada por Mondlane durante a campanha para as eleições gerais de 9 de outubro de 2024, cujos resultados não reconhece e que se tornou popular nos protestos que se seguiram.
O país viveu, desde então, um período de forte agitação social, marcado por manifestações e paralisações convocadas pelo líder opositor, que contesta a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, partido no poder.
Segundo organizações não-governamentais, os confrontos pós-eleitorais resultaram em cerca de 400 mortos, situação que apenas começou a estabilizar após dois encontros entre Mondlane e Chapo, com vista à pacificação nacional.