De acordo com um relatório do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), dos 61 incidentes de segurança provocados pela escalada de violência na província de Cabo Delgado, 38 envolveram ataques diretos a civis.
« As vítimas confirmadas incluem dez assassinatos, algumas decapitações e pelo menos 45 raptos, sobretudo de crianças », destaca o documento da ONU.
Situada no norte de Moçambique e rica em recursos de gás natural, a província de Cabo Delgado enfrenta desde 2017 uma rebelião armada que já causou milhares de mortos e desencadeou uma grave crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas internamente.
As novas movimentações de grupos extremistas alastraram-se também à província vizinha do Niassa, onde, desde o início dos ataques a 29 de abril, pelo menos duas pessoas foram assassinadas — dois guardas florestais decapitados.
Segundo o relatório do OCHA, o aumento mais acentuado da violência em maio registou-se nos distritos de Mocímboa da Praia, Muidumbe, Macomia, Ancuabe, Montepuez e Palma, estendendo-se ainda a Mecula (Niassa), onde cerca de 2.000 pessoas fugiram das suas aldeias.
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Comprar um espaço para minha empresa.A ONU também alerta para a crescente utilização de engenhos explosivos improvisados, com três incidentes registados em maio:
Um feriu um homem em Quiterajo a 19 de maio
Outro feriu vários civis, incluindo crianças, em Nangade a 23 de maio
A insegurança afetou gravemente os serviços essenciais, levando à suspensão das equipas móveis de saúde e ao encerramento de escolas nos distritos de Ancuabe, Montepuez e Nangade.
Enquanto os ataques armados aumentam, o OCHA destaca que as tensões entre deslocados internos e comunidades de acolhimento também se intensificaram.
Em Muidumbe, por ordens das autoridades locais, foi negado o registo a 1.242 deslocados recém-chegados, incluindo 472 crianças.
Além disso, a milícia Força Local recebeu ordens para impedir o acesso dessas populações a zonas de refúgio, agravando a frustração comunitária e os desafios logísticos no terreno.
Essa crescente insatisfação social — impulsionada pela distribuição desigual da ajuda humanitária — provocou saques de alimentos e de camiões de organizações humanitárias nos distritos de Chiúre e Mocímboa da Praia.
A 29 de maio, uma ONG internacional suspendeu a entrega de alimentos em Macomia e transferiu dois colaboradores estrangeiros para Pemba, após ameaças crescentes.
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Anuncie aqui: clique já!Segundo dados do Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS) — uma instituição académica do Departamento de Defesa dos EUA —, pelo menos 349 pessoas foram mortas por grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique em 2024, representando um aumento de 36% em relação a 2023.