MozLife

Moçambique/Sociedade: Mais de 60% das Crianças Moçambicanas Sofrem de Desnutrição Crónica, Revela Inquérito Nacional

61 por cento das crianças moçambicanas com menos de cinco anos de idade sofrem de desnutrição crónica, segundo os dados do Inquérito Demográfico e de Saúde (IDS) referente ao período 2022-2023, apresentados esta quinta-feira, em Maputo.

O relatório revela um aumento alarmante de 37 por cento em relação aos dados de 2021 e 2022, o que acende o alerta sobre a urgência de novas medidas para combater a insegurança alimentar no país.

Durante a apresentação do inquérito, Marla Amaro, chefe do Departamento de Nutrição no Ministério da Saúde, alertou para a necessidade de promover práticas adequadas de aleitamento materno, como parte das soluções para reverter este quadro.

As províncias do norte, Nampula e Cabo Delgado, e a central Zambézia lideram os índices mais elevados de desnutrição infantil, influenciados por factores como insegurança alimentar, ausência de serviços de saúde e higiene, más condições de saneamento e cuidados materno-infantis inadequados.

“Infelizmente, apenas 39 por cento das crianças moçambicanas entre os dois e cinco anos estão no caminho certo em termos de desenvolvimento na primeira infância, o que significa que 61% apresentam algum grau de atraso”, lamentou Amaro, acrescentando que o cenário exige uma acção coordenada com os parceiros de cooperação.

A responsável explicou que os primeiros anos de vida são determinantes para o crescimento e desenvolvimento global da criança, mas que, em Moçambique, a maioria das crianças vive em condições de pobreza, o que as torna mais vulneráveis à desnutrição crónica.

“É nesta fase que se desenvolvem competências socioemocionais, motoras, cognitivas e linguísticas, com o cérebro a registar o seu maior crescimento. O investimento nesta etapa inicial é, portanto, decisivo”, afirmou.

Para fazer face a este desafio, sobretudo nas zonas mais vulneráveis, Amaro destacou a importância de mobilizar recursos e implementar planos multisectoriais ajustados à realidade de cada comunidade.

“Estamos em fase de planificação e é claro que a redução da desnutrição crónica requer acção coordenada entre vários sectores, com envolvimento directo das comunidades”, disse.

Por sua vez, a representante do UNICEF em Moçambique, Maaike Arts, afirmou que os dados divulgados revelam grandes desigualdades entre as zonas urbanas e rurais, entre diferentes níveis de rendimento e entre raparigas e rapazes.

Segundo Arts, a coordenação multisectorial é essencial, pois “cada momento de afecto conta, e é por isso que investimos na primeira infância – porque traz os maiores retornos, tanto para o desenvolvimento individual como para o crescimento económico e social do país.

Publicidade_Página Home_Banner_(1700px X 400px)

Anuncie aqui: clique já!