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Moçambique/Sociedade: Moçambicanas entre as vítimas de rede internacional que explora mulheres africanas em fábricas de drones na Rússia

Esquema de tráfico humano recruta jovens com promessas de emprego no estrangeiro, mas leva-as a trabalho forçado em indústrias militares, sob vigilância armada

Um esquema internacional de tráfico humano está a vitimar mulheres africanas, incluindo moçambicanas, que são recrutadas com promessas de trabalho no estrangeiro, mas acabam exploradas em fábricas de drones e equipamentos militares na Rússia.

A denúncia foi revelada esta quinta-feira (10) pela agência Associated Press (AP), que identificou vítimas provenientes, sobretudo, de Uganda, Ruanda, Quénia, Sudão do Sul, Serra Leoa e Nigéria. As jovens, muitas em situação de vulnerabilidade económica, são aliciadas com contratos falsos, passagens aéreas pagas e a promessa de salários elevados em setores como hotelaria e restauração.

Ao chegarem à Rússia, porém, têm os passaportes confiscados e são forçadas a trabalhar em linhas de montagem de drones em condições insalubres, sob vigilância armada e, em alguns casos, com jornadas superiores a 14 horas diárias sem qualquer remuneração.

Especialistas ligam esta prática ao aumento da procura de drones em zonas de conflito, particularmente devido à guerra na Ucrânia. Com a indústria militar russa pressionada por sanções internacionais, há suspeitas de que mão de obra estrangeira esteja a ser usada de forma coerciva para manter a produção.

As autoridades moçambicanas ainda não confirmaram oficialmente quantas jovens do país podem ter sido vítimas deste esquema. No entanto, uma fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação confirmou que já decorrem investigações em articulação com representações diplomáticas.

Para Lina Mucavele, defensora dos direitos da mulher e da justiça, o caso é claro:

“É tráfico humano e exploração laboral no seu estado mais grave. Precisamos que o governo atue de forma urgente e que haja cooperação internacional para repatriar estas mulheres.”

Organizações como a ONU Mulheres e a Organização Internacional para as Migrações (OIM) alertam que o caso evidencia um novo padrão no tráfico de pessoas, em que vítimas de países em desenvolvimento são direcionadas para indústrias estratégicas em economias militarizadas.

Enquanto as investigações prosseguem, famílias em várias províncias moçambicanas continuam sem respostas sobre o paradeiro das suas filhas e irmãs, que partiram em busca de um futuro melhor e encontraram exploração e medo.

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