Moçambique tem sido o país com os maiores índices de sinistralidade rodoviária na região. Só nos últimos dois meses, registaram-se cerca de 65 óbitos resultantes de acidentes, uma situação considerada inaceitável e evitável, segundo declarou João Matlombe, citado pela comunicação social.

De acordo com o governante, foram identificados aspetos comuns na maioria dos acidentes, como o excesso de lotação e a velocidade excessiva, fatores que evidenciam a imprudência dos condutores.

« Há um conjunto de medidas que foram tomadas a nível do Governo e que estão a ser implementadas em coordenação com a polícia de trânsito e o Inatro [Instituto Nacional dos Transportes Rodoviários], por forma a travar a sinistralidade », sublinhou Matlombe, acrescentando que a sensibilização dos condutores será reforçada face à aproximação da quadra festiva, período em que os acidentes atingem o seu pico anual.

Na quinta-feira, a Federação Moçambicana das Associações dos Transportes (Fematro) defendeu a intensificação da fiscalização e o combate à corrupção no seio da polícia como medidas essenciais para reduzir os acidentes. A organização reiterou o pedido de integrar as comissões de inquérito aos casos de sinistralidade rodoviária.

« As soluções passam, primeiro, pela fiscalização. O Governo tem que acabar com o nível elevado da corrupção que existe no seio da nossa polícia. Há muito tempo que pedimos para que os nossos membros, os transportadores, façam parte das equipas de fiscalização, mas isso não nos é permitido », afirmou o presidente da Fematro, Castigo Nhamane, em Maputo. O responsável destacou que não pretende substituir os fiscalizadores, mas apenas reforçar o seu trabalho, respeitando o papel da polícia.

Em agosto, 87 pessoas perderam a vida em 48 acidentes de viação, revelou o ministro do Interior, que expressou preocupação com a elevada taxa de sinistralidade e apelou a uma maior responsabilidade dos agentes de trânsito na fiscalização.

A 13 de setembro, o Ministério do Interior anunciou a suspensão dos agentes de trânsito que estavam de serviço no posto de controlo onde ocorreu um acidente no distrito de Nicoadala, província da Zambézia, que causou 11 mortes.

Na semana passada, o Governo revelou a criação de pontos de descanso obrigatórios para condutores a cada 300 quilómetros e a implementação do sistema de revezamento de motoristas de longo curso, como parte de novas medidas para reduzir os acidentes de viação.

Entre janeiro e agosto deste ano, 575 pessoas morreram em acidentes de viação em Moçambique, um aumento de 14% em relação ao mesmo período de 2024, informou o Governo, admitindo enfrentar “desafios críticos” na segurança rodoviária.

As estatísticas mostram um cenário preocupante, com as autoridades a identificarem o excesso de velocidade e a condução sob efeito de álcool como as principais causas dos acidentes no país.