O presidente da Federação Moçambicana das Associações dos Transportadores Rodoviários defendeu esta segunda-feira “punições severas” contra motoristas infratores para travar mais fatalidades em acidentes de viação no país.
“É preciso que haja responsabilização severa para os autores destes acidentes”, declarou Castigo Nhamane, reagindo à Lusa ao acidente que culminou com a morte de 17 pessoas no sábado, no distrito da Manhiça, onde há quatro meses já tinham morrido 32 pessoas num outro sinistro, ambos envolvendo transportes coletivos.
O acidente de sábado aconteceu na localidade 3 de Fevereiro, quando um jipe chocou de frente com uma viatura ligeira de transporte coletivo que seguia de Maputo para Xai-Xai, capital da província de Gaza, sendo que as causas ainda estão por apurar.
“Se apurarmos que este motorista do transporte coletivo, que está bem, agora, teve culpa, tem de ser responsabilizado de forma exemplar”, declarou Castigo Nhamane, que critica a existência de vários acidentes que culminaram em fatalidades, mas sem responsabilização de motoristas infratores.
Há vários casos de condutores que acabam impunes, mesmo com provas de que tiveram culpa nos acidentes, principalmente motoristas que transportam passageiros. O que acontece é que estas mesmas pessoas depois voltam a trabalhar num outro carro. Isso é impunidade”, frisou Castigo Nhamane.
O presidente da Federação Moçambicana das Associações dos Transportadores Rodoviários criticou também a posição das autoridades da província de Maputo, considerando que “foi preciso mais mortes para que fossem tomadas medidas”, entre as quais o reforço da fiscalização e a revisão da sinalização.
“As pessoas têm de morrer para que haja dinheiro para resolver os problemas da estrada“, questionou Castigo Nhamane.
O governo provincial de Maputo reuniu-se no domingo num encontro extraordinário com diversas autoridades e deram conta de um reforço de fiscalização ao longo da estrada nacional 1 (EN1) no distrito da Manhiça.
Revisão da sinalização, dos limites de velocidade, obras nalguns locais e campanhas de sensibilização para uma condução segura foram outras medidas anunciadas.
O distrito já tinha sido palco do acidente de viação mais grave de sempre registado em Moçambique, com 32 mortos, ocorrido em 3 de julho, envolvendo dois camiões e um autocarro que tentou fazer uma ultrapassagem irregular na EN1.
Na altura foram decretados dois dias de luto nacional e demitidos o diretor nacional de Transportes e Segurança Rodoviária e a diretora do Instituto Nacional dos Transportes Rodoviários (Inatro).