A Organização Internacional para as Migrações (OIM) diz que ajudou a repatriar 11 etíopes que escaparam da morte num contentor transportado por um camião de traficantes, em Tete, centro de Moçambique, em Março último.
Eles e dezenas de outros migrantes que não sobreviveram foram descobertos após o camião ter atravessado a fronteira entre Malawi e Moçambique.
Entretanto, diz a OIM, três dos sobreviventes desapareceram do local de acomodação e ainda não foram localizados.
A operação foi coordenada pelos governos da Etiópia e Moçambique, com apoio da OIM e Iniciativa Conjunta UE-OIM para a Protecção e Reintegração de Migrantes no Corno de África.
Reporta-se que milhares de etíopes, fugindo da pobreza na sua terra, fazem a travessia do corno de África ao sul do continente, mediante o pagamento de valores entre 2.500 e 6.000 dólares americanos a grupos de contrabandistas.
No entanto, Paul Dillon, porta-voz da OIM, em Genebra, diz que no caso do grupo em referência, a travessia acabou sendo um pesadelo e uma experiência angustiante.
“Foi uma tragédia que abalou o continente africano. Os restos mortais de 64 migrantes da Etiópia foram encontrados trancados no contentor de um camião, descoberto, a 24 de Março, em Tete, Moçambique. Um mês depois de escapar da morte, os homens concordaram que é um milagre que eles sobreviveram, » diz Dillon.
Dillon afirmou ainda que os jovens relatam terem sido torturados pelos contrabandistas e privados de comida e água durante dias de viagem pela floresta. Trágico! E ficaram confinados num espaço que mal podia acomodar 20 pessoas, mas tinha 78 pessoas umas sobre as outras.
Dillon recorda ainda que “após a descoberta pelas autoridades moçambicanas, os sobreviventes foram a um hospital em Tete, onde foram tratados da desidratação e exaustão e cumpriram a quarentena necessária como parte das medidas de prevenção da covis-19”.
Os 11 repatriados serão entregues às suas comunidades de origem em Oromia, Southern Nations, Nationalities e Peoples.
O motorista do camião, cuja identidade não foi divulgada, foi detido e a OIM diz que uma investigação está em curso.