Níger: países da África Ocidental lançam ultimato aos golpistas

Os dirigentes da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) deram, no domingo (30), um ultimato de uma semana aos golpistas no Níger para que restabeleçam a ordem constitucional, sem descartar um « recurso à força ». A Cedeao, reunida em uma cúpula extraordinária em Abuja, capital da Nigéria, também concordou em « suspender todas as transações comerciais e financeiras » entre os seus 15 Estados-membros e o Níger, segundo resoluções lidas no final da reunião.

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Os líderes também decidiram congelar « os bens dos militares envolvidos na tentativa de golpe » e pedir a « libertação imediata » do presidente deposto Mohamed Bazoum, que está detido no palácio presidencial desde quarta-feira (26).

A organização econômica pediu o restabelecimento da « ordem constitucional na República do Níger dentro de uma semana » e indicou que, caso estas exigências não sejam atendidas, « tomará todas as medidas necessárias ». « Essas medidas podem incluir o uso da força », acrescentou em um comunicado.

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O Níger, ex-colônia francesa, sofreu esta semana um golpe militar perpetrado pelo general Abdourahamane Tiani, chefe da poderosa guarda presidencial, que na sexta-feira se autoproclamou o novo líder do país africano. Tiani justificou o golpe pela « deterioração da situação de segurança » no país africano, assolado pela violência de grupos jihadistas ligados às redes terroristas Al Qaeda e Estado Islâmico.

A União Europeia e a França também suspenderam a cooperação financeira e de segurança com os militares que tomaram o poder em Niamey. O Níger recebe US$ 2 bilhões de ajuda pública ao desenvolvimento por ano, de acordo com o Banco Mundial.

Depois do Mali e do Burkina Fasso, o Níger, é o terceiro país da região a sofrer um golpe de Estado desde 2020. 

O ex-presidente nigerino Mahamadu Issufu disse que continuará buscando uma « saída negociada para a crise » e « libertar » Bazoum, o seu sucessor que permenece detido pela junta militar em sua residência no Palácio Presidencial. 

O presidente do Chade, Mahamat Déby, também foi recebido neste domingo em Niamey pelo ex-chefe do Estado-Maior do Níger, general Salifu Mody.

Embaixada da França é alvo de pedradas

Neste domingo, milhares de pessoas se manifestaram em frente à Embaixada da França em Niamey, em apoio ao golpe militar. Aos gritos de « Viva Putin! », « Viva a Rússia! » e « Abaixo a França! », os manifestantes, incitados a sair às ruas pela junta militar, pediram a retirada dos soldados franceses do território. Nos cartazes liam-se frases como « França assassina » e « Por um novo Níger ». A sede diplomática foi alvejada com pedras.

A França, que pôs fim à operação antiterrorista Barkhane e se retirou do Mali sob pressão da junta em Bamako, tem atualmente 1.500 soldados destacados no Níger, que até agora operavam ao lado do Exército nigerino. Outros 1.000 soldados franceses estão estacionados no vizinho Chade. Os Estados Unidos têm 1.000 soldados nesta instável região do Sahel. 

O presidente Emmanuel Macron declarou que « não irá tolerar qualquer ataque contra a França e seus interesses » no país africano. « Quem atacar cidadãos franceses, o Exército, diplomatas ou bases francesas verá a França retaliar imediatamente e de forma intransigente », diz uma nota publicada pelo Palácio do Eliseu.

Conforme o governo francês foi retirando seus soldados da região, a Rússia promoveu contratos com os governos locais de serviços de segurança prestados pelo grupo paramilitar Wagner. A propaganda antiocidental do Kremlin tem sido usada por Moscou para ocupar o terreno ideológico e conquistar novos apoios em meio a populações cansadas da violência e da pobreza.

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