O cume do G7 de 2025, que reúne Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália e Japão, celebra os seus 50 anos a partir deste domingo, 15 de junho, nas Montanhas Rochosas canadenses, com duração até terça-feira. Este é o sétimo encontro do grupo no Canadá, que enfrenta o desafio de uma agenda potencialmente afetada pelos recentes conflitos entre Israel e Irão.
De acordo com o site oficial da cimeira, “os atuais desafios globais, como a paz e segurança, estabilidade e crescimento económico, bem como a transição digital, exigem uma colaboração estreita para encontrar soluções comuns”.
Participação e convidados especiais
Além dos sete membros, o encontro contará com a presença de vários outros chefes de Estado convidados, incluindo líderes da Índia, Ucrânia, México, África do Sul e Coreia do Sul. Uma fonte do governo canadiano, que pediu anonimato, explicou à AFP que “como os Estados Unidos deixaram de ser um parceiro confiável, pretendemos desenvolver ou reforçar outras relações, e é por isso que estas convites foram feitos”.
A União Europeia será representada pelo presidente do Conselho Europeu, António Costa, e pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. O Canadá convidou ainda organizações internacionais para participarem em algumas sessões de trabalho.
Temas centrais do debate
Entre as principais questões previstas estão as perspetivas económicas globais, a segurança e o futuro da segurança energética. A presidência canadiana divulgou a seguinte agenda:
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Garantir a segurança das comunidades e do mundo: reforço da paz e segurança, combate à interferência estrangeira e criminalidade transnacional, e cooperação no combate aos incêndios florestais.
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Melhorar a segurança energética e acelerar a transição digital: fortalecimento das cadeias de abastecimento de minerais críticos, promoção do crescimento económico através da inteligência artificial e tecnologias quânticas.
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Estabelecer as parcerias do futuro: catalisar o investimento privado necessário para construir infraestruturas robustas, criar empregos melhor remunerados e abrir mercados dinâmicos para apoiar a concorrência empresarial.
O Canadá destaca ainda a busca por “uma paz justa e duradoura na Ucrânia e noutras zonas de conflito globais” e a implementação de um programa orientado para o futuro que permita mobilizar parceiros além do G7.
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Segundo o New York Times, os ataques surpresa de Israel contra o Irão, ocorridos na sexta-feira anterior, “podem perturbar a agenda prevista para o cume de três dias”. O jornal também indica que haverá discussão sobre um plano para dificultar que o presidente russo Vladimir Putin ganhe dinheiro com a venda de petróleo mundialmente, assim como o pedido dos Estados Unidos para que os países da NATO aumentem para 5% o orçamento dedicado à defesa.
Além disso, os direitos aduaneiros impostos pelos Estados Unidos durante a presidência de Donald Trump poderão entrar nos debates.
Curiosamente, temas como as alterações climáticas e a migração aparentam estar ausentes da agenda dos líderes globais, apesar da luta contra os incêndios florestais estar incluída.
Unidade num momento de crise
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, afirmou que “neste período de grandes perturbações, a unidade dos líderes do G7 não é apenas desejável, é essencial”. Recorde-se que no último encontro do G7 no Canadá, em 2018, o então presidente Donald Trump rasgou a declaração conjunta após as discussões, e este ano não está previsto comunicado conjunto, conforme lembra a Rádio Canadá.
O papel atual do G7
Criado em 1975 como G6 — com Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Japão e Estados Unidos — reuniram-se pela primeira vez num castelo francês, em resposta ao choque petrolífero de 1973, visando coordenar políticas económicas. O Canadá aderiu em 1976.
Nos anos 90, a Rússia juntou-se ao grupo que passou a ser G8, mas foi expulsa em 2014.
Hoje, no seu 50º aniversário, o G7 tem menor peso económico: representa apenas 44% do PIB mundial, contra 63% em 1992. Além disso, já não é composto exclusivamente pelos países mais ricos, com a China e a Índia ultrapassando alguns membros do grupo em termos económicos.