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Saúde mental/Psicologia: Escândalo em Concerto Expõe Infidelidade e Abala Vidas Pessoais e Profissionais

O caso do “casal da kiss-cam” no concerto dos Coldplay levanta questões profundas sobre traição, intimidade, consequências públicas e dinâmicas laborais

O caso do “casal da kiss-cam” no concerto dos Coldplay levanta questões profundas sobre traição, intimidade, consequências públicas e dinâmicas laborais.

O beijo aparentemente inocente captado pelas câmaras num concerto da banda Coldplay transformou-se num escândalo público que abalou tanto a esfera pessoal como a profissional de dois executivos. Andy Byron, CEO da empresa Astronomer, e Kristin Cabot, diretora de Recursos Humanos da mesma empresa, foram apanhados em momento de carinho no ecrã gigante do espetáculo — o problema: estavam comprometidos com outras pessoas.

A terapeuta que comenta o caso revela que viveu algo semelhante durante os seus tempos de estudante, quando apareceu de mãos dadas com um rapaz que não era seu namorado nas notícias televisivas. O rapaz tinha namorada, e apesar de ela própria não ter visto o vídeo, amigos viram. Segundo a especialista, é raro ser apanhado assim, mas não é inédito.

Embora ninguém saiba com certeza se o gesto entre os dois colegas foi romântico, muitos casos de infidelidade não surpreendem o parceiro traído. A terapeuta afirma que, ao longo dos anos, aprendeu que, antes do adultério, já havia sinais claros de desgaste emocional ou de ausência de diálogo no casal.

Ela incentiva sempre os seus pacientes a comunicarem os seus sentimentos antes que as situações extraconjugais ocorram. Em alguns casos, casais chegam até a considerar relações abertas, desde que haja consentimento e transparência. O choque real ocorre quando tudo acontece sem qualquer aviso.

Com filhos, a situação torna-se mais delicada. A infidelidade tem repercussões emocionais ainda maiores. “É possível trair sem magoar ninguém, mas só se ninguém descobrir”, alerta. Quando a traição vem à tona, o sentimento mais imediato costuma ser a vergonha. E, muitas vezes, esse embaraço leva a reações impulsivas que agravam ainda mais o conflito.

A terapeuta explica que muitos casos de traição nascem da ingenuidade ou de simples oportunidade. Relações extraconjugais costumam começar no local de trabalho, com um simples desabafo que se transforma em ligação emocional. A tecnologia facilita ainda mais esse processo, com mensagens que aceleram a intimidade.

Algumas pessoas traem com frequência, guiadas por um medo profundo da rejeição. Essas pessoas mantêm sempre uma “reserva emocional” por receio de perder o que têm. Outras embarcam em relações extraconjugais no trabalho, onde o risco e a adrenalina tornam tudo mais intenso — e mais perigoso.

A terapeuta observa que são geralmente as mulheres quem acaba por questionar a relação: “Para onde isto está a ir?” Já os homens, muitas vezes, percebem tarde demais que se envolveram em algo que não queriam. E então começa o ciclo da mentira. Muitos tornam-se tão bons a mentir que acabam por manipular e gaslighting o parceiro desconfiado.

A culpa também pesa. Muitos pacientes dizem em consulta: “Não pensei que fosse capaz disto.” Quando a relação extraconjugal se torna intensa, o parceiro infiel pode até desejar ser descoberto, como forma de acabar com o sofrimento e a dissimulação.

Como muitos destes casos começam de forma não planeada, pode haver espaço para reconciliação — mas requer vontade mútua e, muitas vezes, ajuda profissional para reorganizar o diálogo.

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Não há uma fórmula mágica para lidar com a infidelidade. Em muitos casos, não é o ato em si que destrói a relação, mas a forma como o parceiro reage. O desejo de punir, a obsessão pelos detalhes e a repetição do trauma dificultam a reconstrução.

Alguns casais optam por recomeçar do zero, criando uma nova dinâmica de relação a partir dos escombros da anterior. Esta nova abordagem pode, por vezes, funcionar melhor do que a original — desde que haja maturidade emocional.

Quando há filhos, e a infidelidade se torna conhecida, é fundamental que os pais se mostrem unidos. Não se deve prometer que tudo vai correr bem se não for verdade. O mais sensato é dizer: “Estamos a trabalhar nisso.” Explicar que os adultos também cometem erros e que o importante é o amor e o respeito contínuo pelos filhos.

É essencial ouvir as crianças, observar como reagem, e garantir que sentem que continuam a ser uma prioridade. Mesmo que digam que não querem falar sobre o assunto, deve-se deixar claro que podem sempre regressar à conversa mais tarde.

Se a traição ocorreu no local de trabalho, o problema torna-se mais complicado. Algumas empresas têm políticas que proíbem relações internas. Recursos humanos podem intervir e, muitas vezes, quem está numa posição inferior acaba por sair da empresa.

As reações dos colegas podem variar: desde piadas e cumplicidade até silêncios e reprovação. É importante manter uma postura neutra, não fazer comentários impulsivos e alinhar uma posição clara com os superiores hierárquicos.

Em última análise, decisões difíceis terão de ser tomadas: se a relação termina, como lidar com o outro no local de trabalho? Quem muda de posto ou de equipa? Em muitos casos, é a mulher — ou quem recebe menos — que acaba por mudar de empresa.

O que este escândalo nos lembra é que as relações humanas são frágeis e complexas, e que a traição, embora muitas vezes banalizada, tem um custo emocional e social elevado. A forma como reagimos, comunicamos e decidimos o próximo passo é o que realmente define o desfecho da história.