Situado entre a Califórnia, o Nevada e o Arizona, o deserto de Mojave cobre cerca de 40.000 km². Este imenso planalto rochoso é atravessado ao norte pelo Vale da Morte e ao sul pelo Parque Nacional Joshua Tree, que deve o seu nome a uma espécie endémica de yucca. Com 3.200 km², o parque destaca-se por uma paisagem quase lunar, com formações rochosas dramáticas e céus nocturnos de tirar o fôlego.

Desde os anos 60, Joshua Tree atrai artistas, hippies e mentes criativas que fugiam do caos urbano de Los Angeles. Esta comunidade alternativa encontrou neste local um santuário de paz e inspiração. Hoje, a arquitectura local reflete esse espírito livre através de obras excêntricas, visionárias e profundamente enraizadas no ambiente natural.

Arte e arquitectura em harmonia com o deserto

Vários artistas contemporâneos transformaram Joshua Tree num palco ao ar livre. A escultora Andrea Zittel promove anualmente o High Desert Test Sites, que funde arte e arquitectura em experiências imersivas. Já Noah Purifoy criou um museu a céu aberto que se tornou visita obrigatória.

Embora a população local seja de apenas 7.500 habitantes, as casas espalhadas pelo deserto impressionam pela criatividade arquitectónica. Com soluções adaptadas ao clima árido, estas habitações são autênticas obras-primas.

Destaques arquitectónicos de Joshua Tree

Integratron Dome (1954): Situado em Landers, a norte do parque, este domo foi projectado por George Van Tassel, ex-engenheiro da aviação, que dizia ter recebido instruções telepáticas de extraterrestres de Vénus. A estrutura é conhecida pela sua acústica excecional, hoje usada para banhos sonoros.

Joshua Tree Retreat Center (1957): Localizado na entrada do parque, este centro espiritual é a maior concentração de edifícios assinados por Frank Lloyd Wright Jr.. Combinando filosofia oriental e ocidental, oferece 22 cottages e espaços para meditação e yoga.

Monument House (1990): Criada pelo arquitecto Josh Schweitzer, ex-colaborador de Frank Gehry, esta casa apresenta volumes geométricos em cores vivas, com janelas assimétricas que emolduram a paisagem desértica.

Area 55 (2019): Um ícone retro-futurista, esta única Futuro House habitável do parque é uma casa em forma de disco voador, originalmente concebida nos anos 60 por uma empresa finlandesa. Alugada por cerca de 230€ por noite, oferece uma experiência única.

Bonita Domes (2010): Criada por Lisa Starr, estas habitações de sacos de terra misturam arquitectura orgânica e espiritualidade. Com três cúpulas interligadas, foram construídas com 85% de materiais encontrados no local.

Kellogg Doolittle House (1988-1993): Projectada por Kendrick Bangs Kellogg, esta villa de 1.500m² tem uma cobertura de betão que lembra a carapaça de um tatu. As 26 colunas sustentam a casa, protegendo-a das temperaturas extremas.

Invisible House (2019): Esta estrutura espelhada de 510 m² reflete o deserto e muda de cor ao longo do dia. Projectada pelo designer Tomas Osinski, já recebeu celebridades como Alicia Keys e Demi Lovato.

Autocamp Joshua Tree (2013): Um glamping futurista com caravanas Airstream e um club house concebido pelo estúdio HKS. A arquitectura mistura influências dos anos 1950 com soluções sustentáveis para enfrentar o calor do deserto.

Joshua Tree continua a ser um território de experimentação e liberdade, onde arquitectura e natureza se encontram em perfeita harmonia.