Brasil: é lançado o duelo Lula-Bolsonaro

Lula, por sua vez, lançou a sua campanha oficial para as eleições presidenciais de Outubro no Brasil, na terça-feira 17 de Agosto, escolhendo, tal como o seu rival em funções, Jair Bolsonaro, um lugar que marcou profundamente a sua carreira política: as fábricas onde abraçou o sindicalismo.

Luiz Inácio Lula da Silva, 76 anos, foi o favorito nas sondagens e realizou o seu primeiro encontro numa fábrica de automóveis no seu feudo de São Bernardo do Campo, perto de São Paulo (sudeste), uma zona industrial onde foi operador de torno-moinho antes de se tornar líder sindical nos anos 70.

“Foi aqui que tudo começou: aqui que adquiri uma consciência política (…) Neste importante dia da minha vida, no início da campanha eleitoral, vim aqui para vos dizer que vamos ganhar as eleições”, disse o favorito das sondagens, vestido com uma camisa branca e empoleirado numa plataforma, rodeado por centenas de metalúrgicos. Ele disse que apesar da sua idade, sentia a mesma “energia de quando tinha 30 anos” e que tencionava “recuperar o país” de Jair Bolsonaro, que descreveu como um “genocidaire” e um “negador” pela sua gestão da pandemia que matou 680.000 pessoas no Brasil. “Se há alguém possuído pelo diabo, é Bolsonaro”, disse o antigo presidente (2003-2010) aos aplausos.

“Lula é a esperança dos brasileiros para melhorar as suas condições, ele representa o poder dos trabalhadores”, disse Mauricio Souza, 48 anos, um soldador, à AFP ao receber o seu candidato com uma trombeta. Lula foi sempre aos sindicatos em momentos chave da sua carreira política para reforçar a sua imagem como representante dos trabalhadores”, disse Adriano Laureno, analista da Prospectiva, à AFP. “Quanto a Bolsonaro, quer apresentar-se como um ‘representante eleito de Deus’ que sobreviveu ao ataque com facadas” em 2018, continua este especialista, para quem esta eleição é “a mais polarizada” desde o fim da ditadura militar (1964-1985).

Jair Bolsonaro esteve anteriormente em Minas Gerais (sudeste), em Juiz de Fora “a cidade onde nasci de novo”, de pé numa plataforma montada no mesmo cruzamento onde foi apunhalado por um louco há quatro anos atrás, quase a morrer. Vestido com um casaco preto abotoado até ao pescoço e escondendo a forma de um colete à prova de bala, o ex-capitão do exército de 67 anos proferiu um discurso cheio de declarações patrióticas e alusões a Deus e à Bíblia. Reiterou a sua promessa de combater a inflação de dois dígitos, o aborto, as drogas e de defender a “propriedade privada”, brandindo a ameaça do “comunismo” no Brasil se perder as eleições de Outubro contra o seu rival Lula.

Lula, que recuperou os seus direitos políticos em 2021 após as suas convicções num enorme caso de suspeita de corrupção terem sido anuladas, continua a liderar nas sondagens, embora o seu adversário pareça estar a fechar a lacuna. Na segunda-feira à noite, uma sondagem do instituto Ipec ainda deu uma vantagem confortável ao ex-presidente de esquerda, com 44% das intenções de voto na primeira volta, contra 32% para o actual chefe de estado. No final de Julho, uma sondagem de opinião do outro instituto de referência, Datafolha, mostrou uma diferença maior: 47% para Lula, 29% para Bolsonaro. A principal preocupação dos brasileiros, de acordo com as sondagens, é a situação económica, marcada nos últimos anos por elevados níveis de desemprego e inflação, que têm minado a popularidade de Bolsonaro.

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