World Boxing sob críticas após expor atleta argelina em política de testes sexuais
A World Boxing, nova federação internacional de boxe amador, pediu desculpas públicas após incluir o nome da campeã olímpica Imane Khelif no anúncio da sua nova política de testes sexuais obrigatórios. A organização reconheceu que a privacidade da atleta argelina de 26 anos não foi respeitada e comunicou o seu arrependimento à Federação Argelina de Boxe, numa carta assinada pelo presidente Boris van der Vorst.
A política, apresentada na última semana, previa que Khelif não poderia competir na categoria feminina sem antes realizar um teste de verificação de sexo. A boxeadora estava prestes a regressar à competição, entre 5 e 10 de junho, na Eindhoven Box Cup, nos Países Baixos.
Khelif já tinha sido afastada anteriormente pela antiga federação
A situação de Imane Khelif remonta a 2023, quando ela e a atleta Lin Yu-ting, de Taiwan, foram desclassificadas do Campeonato Mundial pela anterior federação da modalidade, a IBA, por alegadas inconformidades nos critérios de elegibilidade de género.
Contudo, a Comité Olímpico Internacional (COI) autorizou a sua participação nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, estipulando que os passaportes identificando as atletas como mulheres bastavam para garantir a elegibilidade.
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O COI retirou o reconhecimento à IBA em junho de 2023, devido a preocupações com a sua governação, passando a World Boxing a ser reconhecida provisoriamente como nova entidade dirigente da modalidade em fevereiro de 2025.
Medidas de controlo para “proteger todos os participantes”
A World Boxing afirmou que a introdução dos testes sexuais visa garantir “a segurança de todos os participantes e assegurar a equidade competitiva entre homens e mulheres”. O novo regulamento, em fase final de elaboração, prevê que todos os atletas com mais de 18 anos que queiram participar em provas organizadas ou sancionadas pela federação realizem um teste genético PCR para determinar o sexo atribuído à nascença.
Segundo uma carta enviada à federação argelina e a Khelif, caso a certificação do sexo da atleta seja contestada, seja pela federação ou pela World Boxing, a atleta será considerada inelegível até que a disputa seja resolvida.
Uma questão sensível sem confirmação oficial
Apesar de não haver qualquer indício de que Imane Khelif se identifique de forma diferente do género feminino, relatos não confirmados sugerem que a atleta possa ter variações de desenvolvimento sexual (DSD), tal como o caso conhecido da corredora Caster Semenya.
A BBC esclareceu que não conseguiu confirmar se Khelif tem ou não cromossomas XY, e o COI já havia afirmado publicamente que este “não é um caso de transição de género”.
O COI aguarda detalhes sobre aplicação do novo regulamento
Em comunicado divulgado na terça-feira, o COI reiterou que os critérios de elegibilidade são da responsabilidade das federações internacionais, destacando que “os fatores que influenciam o desempenho são específicos a cada modalidade, disciplina e/ou evento”.
A organização olímpica indicou que aguarda mais informações sobre a forma como os testes sexuais serão aplicados de forma segura, justa e juridicamente válida.