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Homenagem a Malangatana

A câmara de Amadora, Lisboa, atribuiu ontem, 6 de Junho, o nome Malangatana a uma das suas ruas em homenagem ao Mestre, no dia em que este completaria 80 anos de vida.

Malangatana, pintor, pastor, aprendiz, curandeiro e mainato perdeu a vida aos 74 anos, a 5 de Janeiro, no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, Portugal, vítima de doença.

O evento, dá inicio a uma reflexão sobre a vida e obra de Malangatana cujo o objectivo é a documentação da sua vasta obra através de debates, conversas, exposições e outras iniciativas promovidas pela família, Fundação Malangatana, amigos e instituições.

Durante as entrevistas, o pintor Malangatana repetia estas palavras: ”Não tenho medo da morte…Só peço aos meus amigos que cuidem bem das minhas obras”, disse o finado.

O pintor ainda em vida fez de tudo um pouco. Foi pastor, aprendiz de curandeiro, empregado doméstico mas viria a ganhar visibilidade através das artes, tornando-se num dos mais famosos artistas moçambicanos.

Ele fez cerâmica, tapeçaria, gravura e escultura. Fez experiências com areia, conchas, pedras e raízes. Foi poeta, actor, dançarino, músico, dinamizador cultural, organizador de festivais, filantropo e até deputado, da FRELIMO, partido no poder em Moçambique desde a independência.

Foi um dos criadores do Museu Nacional de Arte de Moçambique, dinamizador do Núcleo de Arte, colaborador da UNICEF e arquitecto de um sonho antigo, que levou para a frente, a criação de um Centro Cultural na “sua” Matalana.

Expôs em Moçambique e em Portugal mas também pelo mundo fora, na Alemanha, Áustria e Bulgária, Chile, Brasil, Angola e Cuba, Estados Unidos, Índia e mais. Tem murais em Maputo e na Beira, na África do Sul e na Suazilândia, mas também em países como a Suécia ou a Colômbia.

Contando com as obras em museus e galerias públicas e em colecções privadas, Malangatana vai continuar presente praticamente em todo o mundo, parte do qual conheceu como membro de júri de bienais, inaugurando exposições, fazendo palestras, até recebendo o doutoramento honoris causa, como aconteceu recentemente em Évora, Portugal.

Foi nomeado Artista pela Paz (UNESCO), recebeu o prémio Príncipe Claus, e de Portugal levou também a medalha da Ordem do Infante D. Henrique. Ironicamente veio a falecer em Portugal. Morre o pastor, mainato e pintor, ganham vida as suas obras.

Por: Pérzia Sitóe

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