A ONG Human Rights Watch defendeu que a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) deve agir para impedir novos ataques violentos em Moçambique, considerando que são uma ameaça a toda a região.
« A SADC não precisa apenas de estar preocupada, precisa de tomar passos imediatamente e apoiar as autoridades moçambicanas a conterem a situação », disse o director para a África Austral desta ONG dedicada a proteger os direitos humanos, Dewa Mavhinga.
Em declarações citadas na televisão da África do Sul SABC, o responsável lamentou que haja « instituições fracas », mas ainda assim defende que « é suposto proteger e promover os direitos humanos ».
As declarações do responsável, citadas numa reportagem desta televisão sul-africana, são enquadradas no contexto do pedido das multinacionais petrolíferas que operam no país de um reforço de segurança ao Governo, defendendo que o executivo envie mais militares para esta região.
São membros da SADC, além de Moçambique, Angola, África do Sul, Botswana, República Democrática do Congo, Lesotho, Madagáscar, Malawi, Maurícias, Namíbia, Eswatíni, Tanzânia, Zâmbia, Zimbabwe e Seicheles.
Ataques armados eclodiram em 2017 na província de Cabo Delgado protagonizados por frequentadores de mesquitas consideradas radicalizadas por estrangeiros, segundo líderes islâmicos locais, que já tinham alertado antecipadamente para atritos crescentes.
Nunca houve uma reivindicação da autoria dos ataques, com excepção para comunicados do grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, que desde Junho tem vindo a chamar a si alguns deles, com alegadas fotos das acções, mas cuja presença no terreno especialistas e autoridades consideram pouco credível.
Os ataques já provocaram centenas de mortos entre agressores, residentes e militares moçambicanos, além de deixar cerca de 60.000 afectados ou obrigados a abandonar as suas terras e locais de residência, de acordo com a mais recente revisão do plano global de ajuda humanitária a Moçambique das Nações Unidas.
As forças de defesa e segurança moçambicanas têm estado no terreno, mas o Presidente da República, Filipe Nyusi, admitiu recentemente que são necessários mais apoios para lidar com o problema.
A presença de militares russos na zona também foi registada na zona, próxima de uma das maiores reservas de gás natural do mundo, mas os ataques têm continuado.