O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, afirmou na segunda-feira que o país se encontra em “preparação máxima” e pronto para responder caso seja atacado pelas forças que o governo dos Estados Unidos deslocou para o Caribe.
As declarações surgem no momento em que Washington planeia reforçar esta semana a sua força marítima nas águas venezuelanas, com o objetivo de combater ameaças de cartéis de drogas latino-americanos. O governo norte-americano não indicou qualquer intenção de incursão terrestre com os milhares de militares enviados, mas o governo de Maduro respondeu desdobrando tropas ao longo da costa e da fronteira com a Colômbia e convocando os venezuelanos a inscreverem-se numa milícia civil.
“Diante desta pressão militar máxima, declarámos preparação máxima para a defesa da Venezuela”, disse Maduro, descrevendo o deslocamento norte-americano como “uma ameaça extravagante, injustificável, imoral, absolutamente criminosa e sangrenta”.
O presidente acrescentou que poderia, constitucionalmente, declarar uma “república em armas” caso os EUA atacassem a Venezuela, sem detalhar como tal seria feito.
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Comprar um espaço para minha empresa.Atualmente, a Marinha dos EUA conta com dois destróieres guiados por mísseis Aegis — USS Gravely e USS Jason Dunham — no Caribe, bem como o destróier USS Sampson e o cruzador USS Lake Erie nas águas da América Latina, presença que deverá aumentar. Três navios de assalto anfíbio, com mais de 4.000 marinheiros e fuzileiros navais, estão previstos para chegar à região esta semana, segundo um funcionário da defesa que falou sob anonimato à Associated Press.
O envio das forças ocorre enquanto o ex-presidente Donald Trump defendia o uso do poder militar para impedir cartéis que, segundo ele, são responsáveis pelo tráfico de fentanil e outras drogas ilícitas nos EUA e pela violência em algumas cidades norte-americanas.
O ministro das Relações Exteriores venezuelano, Yván Gil, citando um relatório da ONU, afirmou que a presença militar norte-americana é baseada em uma “narrativa falsa”, já que 87% da cocaína produzida na Colômbia segue pelo Pacífico, e apenas 5% passa pela Venezuela. Gil alertou que a narrativa “ameaça toda a região” e que um ataque à Venezuela “desestabilizaria completamente a região”.
Maduro aproveitou a conferência para insistir que foi o vencedor legítimo das eleições presidenciais do ano passado, apesar de evidências credíveis mostrarem o contrário, levando vários países, incluindo os EUA, a não reconhecerem Maduro como presidente.
Desde as eleições de julho de 2024, a oposição política venezuelana tem solicitado aos EUA e outros países que pressionem Maduro a deixar o cargo. A líder María Corina Machado agradeceu recentemente a Trump e Rubio pelo deslocamento das embarcações, considerando a medida como “o caminho certo” contra o governo que descreve como “uma empresa criminosa”.
Por sua vez, Maduro advertiu que qualquer ação militar norte-americana “mancharia as mãos de Trump com sangue”. “A perseguição à mudança de regime está esgotada; falhou como política mundial”, disse. “Não se pode tentar impor uma situação na Venezuela.”