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Internacional/America: Eleições no Venezuela, Partido de Nicolás Maduro conquista 23 dos 24 estados e caminha para maioria absoluta na Assembleia

Caracas, 26 de Maio – Dez meses após umas eleições presidenciais marcadas por alegações de fraude por parte da oposição, o partido do Presidente venezuelano Nicolás Maduro obteve no domingo, 25 de Maio, uma vitória esmagadora nas legislativas e regionais, num escrutínio com baixa participação e mais de 70 detenções.

De acordo com os dados oficiais divulgados à noite pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) garantiu 23 dos 24 governadores estaduais, ficando apenas o estado de Cojedes (centro-oeste) nas mãos da oposição. A coligação de Maduro obteve 82,68% dos votos nas listas nacionais para a Assembleia Nacional, estando ainda pendente o apuramento completo por círculo eleitoral.

A participação rondou os 42%, embora a oposição alegue que os centros de votação estiveram praticamente vazios. De facto, jornalistas da Agência France-Presse (AFP) relataram fraca afluência em Caracas e noutras regiões do país. Uma sondagem da consultora Delphos, realizada antes do escrutínio, indicava uma participação estimada de 16% dos 21 milhões de eleitores.

Entre os 70 detidos antes do dia da votação encontra-se Juan Pablo Guanipa, figura da oposição próxima da líder Maria Corina Machado, detido a 23 de Maio e acusado de integrar uma rede terrorista que planeava sabotar as eleições.

Mais de 400 mil agentes das forças de segurança foram mobilizados para garantir a ordem no país, após os distúrbios pós-eleitorais das presidenciais de 28 de Julho, que resultaram em 28 mortos e 2.400 detenções. Apenas 1.900 pessoas foram libertadas desde então.

«Esta vitória é a vitória da paz e da estabilidade em toda a Venezuela», declarou Maduro diante dos seus apoiantes. O chefe de Estado acrescentou que «a revolução bolivariana está mais viva e mais forte do que nunca» e que o país voltou a demonstrar «o poder do chavismo», o movimento fundado por Hugo Chávez.

Enquanto isso, o opositor Edmundo González Urrutia, exilado e autodeclarado vencedor da presidencial de Julho, afirmou nas redes sociais que o que se viu foi uma «declaração silenciosa, mas poderosa, de que o desejo de mudança, dignidade e futuro permanece intacto».

Durante a noite, Maria Corina Machado partilhou um vídeo nas redes sociais onde denunciou «esta grande farsa» e apelou mais uma vez às Forças Armadas, pilar do regime chavista: «O país exige que cumpram o seu dever constitucional e defendam a soberania popular. Este é o momento de agir».

Já o opositor Henrique Capriles Radonski, eleito nas listas nacionais, defendeu a sua decisão de participar no escrutínio: «O que é melhor? Ter voz e lutar dentro da Assembleia Nacional ou, como fizemos noutras ocasiões, abandonar o processo eleitoral e deixar todo o poder nas mãos do governo?»

Reivindicação sobre o Essequibo

O governo redesenhou o mapa eleitoral para permitir a eleição de um governador e oito deputados para a região do Essequibo, zona rica em petróleo e alvo de uma disputa territorial com a Guiana que remonta ao período colonial. O almirante Neil Villamizar, representante do chavismo, foi eleito governador.

A votação realizou-se numa micro-circunscrição com 21 mil eleitores junto à fronteira guianense, uma vez que não existem assembleias de voto no território de 160 mil km² atualmente administrado por Georgetown. O presidente da Guiana, Irfaan Ali, declarou a 21 de Maio à AFP que o processo representa “uma ameaça”.

No domingo, Maduro respondeu: «Mais cedo ou mais tarde, Irfaan Ali terá de se sentar comigo para negociar e reconhecer a soberania venezuelana». O Presidente venezuelano prometeu ainda “recuperar o Essequibo”.

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