A Coreia do Norte relançou, na passada quinta-feira, um destróier de 5.000 toneladas que tinha sido danificado durante uma tentativa de lançamento anterior, num episódio que mereceu duras críticas do líder Kim Jong Un.
O navio, que foi reequilibrado no início desta semana, encontra-se agora atracado num cais, segundo noticiou a agência estatal KCNA. Está previsto que a embarcação esteja totalmente restaurada antes de uma reunião do partido único ainda este mês.
Kim Jong Un, que assistiu ao desiquilíbrio do navio durante a primeira tentativa, qualificou o incidente como um « ato criminoso » que « danificou gravemente a dignidade e o orgulho do país« . A culpa foi atribuída à « negligência absoluta, irresponsabilidade e empirismo não científico« .
Pelo menos quatro funcionários, entre os quais Ri Hyong-son, diretor adjunto do Departamento da Indústria de Munições do Partido dos Trabalhadores, foram detidos na sequência do caso. Ri integra a Comissão Militar Central do partido, que comanda o Exército Popular da Coreia e é responsável pelas políticas militares do regime.
Apesar de não estar claro qual será a punição para os responsáveis, sabe-se que o regime autoritário norte-coreano já aplicou penas de trabalhos forçados e mesmo a pena de morte a quem cometeu erros graves.
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Comprar um espaço para minha empresa.O esforço para endireitar o navio foi realizado manualmente, conforme indicam análises do 38 North, um site gerido pelo US-Korea Institute da Universidade Johns Hopkins, nos EUA. Imagens de satélite mostram trabalhadores no cais a puxar cabos e a usar balões de controlo para equilibrar o destróier, alguns dos quais ainda permanecem presos à embarcação.
Alguns analistas interpretam a resposta rápida e severa de Kim à falha do lançamento como um sinal claro de que Pyongyang pretende continuar a desenvolver as suas capacidades militares.
O regime está « profundamente empenhado na imagem de uma potência militar em ascensão » e o insucesso pode reforçar a determinação para avançar neste sentido, explica Jihoon Yu, investigador do Korea Institute for Defense Analyses.
A reação « excepcionalmente dura » do líder visa proteger a sua imagem e reafirmar a sua autoridade, acrescenta.
Michael Madden, especialista em Coreia do Norte no Stimson Center em Washington, interpreta a atitude de Kim como uma demonstração da « prioridade elevada » atribuída pelo regime ao desenvolvimento naval.
Poucas semanas antes da falha, Pyongyang já tinha apresentado um destróier semelhante noutra região do país. Kim qualificou esse navio como uma « inovação » na modernização da marinha norte-coreana, prevendo a sua entrada em serviço no início do próximo ano.