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Internacional/Ásia: Lee Jae-myung assume a presidência da Coreia do Sul com apelo à paz e à reunificação intercoreana

Seul – O novo presidente sul-coreano, Lee Jae-myung, defendeu esta quarta-feira, no seu discurso de investidura, a necessidade de « curar as feridas » da nação e estendeu a mão à Coreia do Norte, uma potência nuclear, sublinhando a urgência de estabelecer um futuro de paz e prosperidade na península coreana.

O dirigente progressista de 60 anos alertou igualmente para os perigos do protecionismo global, referindo-se aos novos direitos aduaneiros dos Estados Unidos como uma ameaça direta à economia da Coreia do Sul — a quarta maior da Ásia e fortemente dependente das exportações.

A sua eleição ocorre após um período de grave instabilidade política desencadeado pela proclamação de lei marcial pelo seu antecessor. Na eleição antecipada, Lee obteve 49,42% dos votos, vencendo Kim Moon-soo, do Partido do Poder Popular (direita), que alcançou 41,15% e reconheceu a derrota durante a madrugada, segundo a Comissão Eleitoral.

A sua primeira jornada como Presidente e Comandante Supremo das Forças Armadas começou com um briefing telefónico com o comando militar, onde confirmou oficialmente o controlo operacional das forças nacionais. Lee instou o exército a manter-se em prontidão contra eventuais provocações do Norte, mas afirmou estar aberto ao diálogo.

“Vamos curar as feridas da divisão e da guerra, e construir um futuro de paz e prosperidade. A paz, a qualquer custo, é preferível à guerra.”

O novo chefe de Estado assegurou que o país continuará a dissuadir ameaças militares e nucleares da Coreia do Norte, ao mesmo tempo que promoverá vias de comunicação, cooperação e entendimento duradouro com Pyongyang.

A bolsa de Seul e a moeda nacional (won) reagiram positivamente à eleição, apesar da entrada em vigor iminente das tarifas norte-americanas de 50% sobre as exportações de aço e alumínio sul-coreanos — dois sectores-chave da economia local.

Rutura política com o passado

A aproximação ao Norte representa uma mudança significativa em relação à postura belicista do ex-presidente Yoon Suk Yeol, observou Hong Min, analista sénior do Instituto Coreano para a Unificação Nacional. Lee não impôs pré-condições ao diálogo com Pyongyang, o que simboliza um novo capítulo nas relações intercoreanas.

A cerimónia de investidura decorreu no parlamento, local onde, em dezembro passado, o ex-presidente mobilizou tropas na tentativa de suspender o regime civil. Após a cerimónia, Lee anunciou nomeações-chave para a sua administração: o seu conselheiro de longa data Kim Min-seok será o novo primeiro-ministro e Lee Jong-seok, ex-ministro da Unificação, liderará os serviços de inteligência.

Reações internacionais e tensões geopolíticas

O chefe da diplomacia norte-americana, Marco Rubio, felicitou Lee Jae-myung, manifestando vontade de cooperação, embora tenha reiterado a preocupação dos EUA com a influência chinesa em democracias estrangeiras. A Casa Branca descreveu as eleições como “livres e justas”.

Por sua vez, o presidente chinês Xi Jinping felicitou Lee e reiterou o compromisso de manter uma relação de vizinhança amigável e de benefício mútuo. Esta afirmação surge num contexto de desconfiança crescente, marcado por teorias da conspiração sobre alegada ingerência de Pequim na política interna sul-coreana.

O primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba manifestou o desejo de revitalizar os laços com Seul, enquanto o chefe do governo indiano, Narendra Modi, expressou vontade de reforçar as relações bilaterais com a Coreia do Sul.

Maioria parlamentar e apoio popular

Com o seu partido detentor da maioria absoluta no parlamento pelos próximos três anos, Lee tem agora margem para avançar com a sua agenda legislativa. Nas ruas da capital, a população vê com bons olhos a abertura diplomática ao Norte.

“A nossa economia e vários aspetos sociais estão profundamente ligados ao estado das relações intercoreanas. Espero que adotemos uma visão de longo prazo e avancemos numa direção mais positiva”, disse Choi Ki-ho, 55 anos, à AFP.

“O novo presidente deve focar-se na unificação da nossa nação dividida”, acrescentou Lee Ju-yeon, funcionária de 42 anos.

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