A Flotilha Global Sumud partiu este domingo da cidade portuária de Barcelona, com o objetivo declarado de “romper o cerco ilegal de Israel a Gaza”.
Os barcos zarparam por volta das 15h30, acompanhados por centenas de ativistas, apoiantes e familiares que se despediram das tripulações.
Segundo o jornalista Mauricio Morales, a bordo do navio Familia, o ambiente foi marcado por forte emoção: “O número de pessoas que veio acenar adeus foi impressionante. O espírito está elevado, todos têm um papel específico nesta missão.”
Greta Thunberg denuncia genocídio
Horas antes da partida, a ativista sueca Greta Thunberg acusou Israel de ter uma política de “intento genocida” contra o povo palestiniano.
“Eles querem apagar a nação palestiniana e tomar Gaza”, afirmou, criticando a inação de governos que, segundo ela, “estão a falhar nos deveres legais básicos de prevenir um genocídio e de travar a sua cumplicidade com a ocupação”.
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Comprar um espaço para minha empresa.Fome em Gaza e acusações de limpeza étnica
O palestiniano Saif Abukeshek, radicado em Barcelona, acusou Israel de promover uma limpeza étnica e de usar a fome como arma de guerra:
“Os palestinianos estão a ser deliberadamente privados de comida. Quando se bombardeiam hospitais, escolas e centros educativos, o objetivo é claro: eliminar a população palestiniana”, denunciou.
O lançamento da flotilha acontece após a ONU declarar estado de fome em Gaza, consequência direta do bloqueio e das operações militares que já deslocaram cerca de um milhão de pessoas.
Missão internacional com dezenas de navios
A organização, que se define como independente de partidos e governos, não revelou o número exato de embarcações, mas falou em “dezenas”, vindas também da Grécia, Itália e Tunísia.
Entre os participantes estão ativistas, parlamentares e personalidades públicas de 44 países. A chegada a Gaza é prevista para meados de setembro.
A deputada portuguesa Mariana Mortágua confirmou em Lisboa que participará na missão, classificando-a como “legal à luz do direito internacional”.
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Esta não é a primeira tentativa. Em junho, o navio Madleen, com 12 ativistas — incluindo Thunberg —, foi intercetado por forças israelitas a 185 km da costa de Gaza. Os passageiros foram detidos e expulsos.
No mês seguinte, 21 ativistas de 10 países foram novamente impedidos de avançar com a embarcação Handala.
Apesar disso, a organizadora Yasemin Acar garantiu: “Dissemos que voltaríamos — e aqui estamos.”
Ato simbólico de resistência
Para o académico Mohamad Elmasry, do Doha Institute for Graduate Studies, a flotilha representa um “ato simbólico de resistência” destinado a chamar a atenção mundial.
“Elas serão provavelmente intercetadas, detidas ou forçadas a regressar”, afirmou. “Mas este espetáculo expõe a gravidade da situação e reforça que a solução só pode vir de governos que assumam as suas responsabilidades e ponham fim ao genocídio e à fome deliberada.”