Meios de comunicação social: Qatar acusado de impor restrições à cobertura do Campeonato do Mundo

As equipas de televisão que se deslocam ao Qatar para o Campeonato do Mundo, que começa em 20 de Novembro, têm de cumprir as regras de filmagem. Estas impõem numerosas restrições e suscitam receios de que apenas o “lado glorioso” do evento seja mostrado, de acordo com o jornal britânico “The Guardian”.

As “amplas restrições” poderiam ter um “forte efeito dissuasor” nas equipas de TV estrangeiras que se preparam para cobrir o Campeonato do Mundo, que abre no Qatar a 20 de Novembro, relata The Guardian.

O diário britânico informa que a licença de filmagem emitida pelas autoridades locais estipula que será proibido filmar em edifícios governamentais, universidades, locais de culto, hospitais, bem como em casas particulares e empresas.

Mas é a proibição de filmar em casas, apartamentos e outros alojamentos sem a autorização explícita do proprietário que atrai a atenção. Isto inclui os campos de trabalhadores migrantes, diz The Guardian.

Estas regras aplicar-se-ão também aos fotógrafos, mas não explicitamente aos jornalistas da imprensa escrita.

O Qatar salientou também que “milhares de jornalistas cobrem o Qatar todos os anos, livremente e sem interferência”. No entanto, como salienta The Guardian, os repórteres da BBC foram detidos em 2015 e passaram duas noites na prisão por investigarem as condições de alojamento dos trabalhadores migrantes.

Do mesmo modo, em Novembro de 2021, dois jornalistas noruegueses foram detidos durante 36 horas após a investigação das condições de trabalho nos estaleiros de construção do Campeonato do Mundo.

As regras impostas aos jornalistas estrangeiros são um dilema para os canais que querem cobrir este evento desportivo global. A BBC, por exemplo, não “disse se pretende cumprir as regras sobre as licenças de filmagem” ou testá-las.

Seria uma consequência infeliz “se a BBC se reduzisse a não poder mostrar senão o lado da glória” do Campeonato do Mundo, comentou Jemimah Steinfeld do Índice de Organizações Não Governamentais de livre expressão sobre Censura, citado pelo jornal.

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