Moçambique: Organizações dizem que PR deve responder em Londres

O Fórum de Monitoria do Orçamento (FMO) defendeu hoje que o Presidente moçambicano deve responder à notificação judicial da Privinvest no caso das dívidas ocultas, considerando não haver impedimento à luz da Constituição nem do direito internacional.

“O Presidente da República pode e deve responder à notificação da Privinvest no Tribunal de Londres”, lê-se numa nota distribuída pelo FMO, uma plataforma que congrega várias organizações não-governamentais moçambicanas.

Em causa está o facto de o grupo naval Privinvest ter sido autorizado, em 23 de maio, a notificar o Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, na qualidade de parte que interessará ouvir no âmbito do processo das dívidas ocultas a decorrer em Londres.

Para o FMO, embora goze de imunidade, a Constituição da República e o direito internacional não impedem o chefe de Estado de responder em tribunal por atos cometidos antes do seu mandato como Presidente.

“É a própria Constituição que não proíbe que os atos de natureza civil praticados pelo Presidente da República e que não sejam de gestão pública sejam suscetíveis de serem conhecidos por tribunais comuns, sejam eles nacionais ou internacionais”, frisa o FMO.

Segundo a organização, ignorar a notificação seria um “desrespeito pelos moçambicanos que ele representa”, tendo em conta que o chefe de Estado, no exercício das suas funções, deve pautar-se por uma postura o “mais transparente possível”.

“Se o Presidente da República não responder à notificação da Privinvest em sede judicial, estará, então, a prestar um desserviço aos cidadãos nacionais, incluindo ao seu partido (Frelimo), uma vez que ele estará a aceitar os factos que estão vertidos naquela peça processual”, conclui o FMO.

A Procuradoria-Geral de Moçambique iniciou o processo na justiça britânica em 2019 para tentar anular a dívida de 622 milhões de dólares (510,7 milhões de euros) da empresa estatal ProIndicus ao Credit Suisse e pedir uma indemnização que cubra todas as perdas resultantes do escândalo das dívidas ocultas.

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As dívidas ocultas do Estado moçambicano de cerca de 2,2 mil milhões de dólares (1,8 mil milhões de euros, ao câmbio atual) foram contraídas entre 2013 e 2014, em forma de crédito junto das filiais britânicas dos bancos de investimentos Credit Suisse e VTB, em nome das empresas estatais moçambicanas Proindicus, Ematum e MAM.

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