A chegada de Venâncio Mondlane ao Aeroporto Internacional de Maputo ficou marcada por tensão política e confrontos. A Unidade de Intervenção Rápida (UIR), uma das forças especiais da Polícia da República de Moçambique, lançou gás lacrimogéneo na tarde desta segunda-feira para dispersar dezenas de cidadãos que aguardavam a receção ao político.
Testemunhas no local relataram momentos de pânico, com apoiantes a correrem em várias direções para escapar ao gás. Apesar da dispersão, Mondlane conseguiu dirigir-se à imprensa e deixou duras críticas ao comportamento das autoridades.
“Há sempre a tendência deste regime de se afirmar como o mais experiente, o mais forte. Mas se é assim, por que razão precisa de recorrer à força bruta para intimidar e afastar as pessoas?”, questionou Mondlane, sublinhando que o episódio confirma a natureza repressiva do atual Governo.
Um novo partido em ascensão
Venâncio Mondlane, ex-candidato presidencial, é atualmente a face mais visível da Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo (ANAMOLA), partido recentemente autorizado pelas autoridades competentes. Segundo o político, falta apenas a publicação da legalização no Boletim da República para que a formação esteja oficialmente em condições de concorrer a processos eleitorais.
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Comprar um espaço para minha empresa.A ANAMOLA apresenta-se como uma alternativa política num cenário dominado há décadas pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), que se mantém no poder desde a independência. Mondlane, antigo deputado e figura carismática da oposição, procura consolidar uma base de apoio popular, sobretudo entre jovens urbanos e segmentos críticos da governação atual.
Resiliência e mobilização
Durante o contacto com os jornalistas, Mondlane apelou diretamente à sua base de apoio, sublinhando a importância da coesão e da resistência neste momento de arranque do projeto político.
“Temos de ser extremamente resistentes. Esta é uma luta muito dura, que exigirá muito de nós. Por isso, volto a pedir coesão, coerência e foco para que possamos avançar”, afirmou, recebendo aplausos dos presentes.
Para o dirigente, a resposta da UIR demonstra que a luta política em Moçambique continua a ser travada não apenas nas urnas, mas também no terreno da mobilização social, onde episódios de repressão são frequentes sempre que a oposição procura ganhar visibilidade pública.
Contexto político
Nos últimos anos, Moçambique tem assistido a uma crescente tensão entre Governo e oposição, com queixas regulares de restrições à liberdade de reunião e de expressão. Episódios como o de ontem, no aeroporto, reforçam as críticas de que o espaço democrático no país permanece limitado.
Analistas políticos consideram que a entrada de novos partidos como a ANAMOLA pode reconfigurar parcialmente o panorama político, oferecendo alternativas a setores da população descontentes com as formações tradicionais. No entanto, alertam também para os obstáculos legais e institucionais que estes movimentos enfrentam.
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Anuncie aqui: clique já!O desafio da ANAMOLA
Para Mondlane e os seus apoiantes, o maior desafio imediato será consolidar a presença da ANAMOLA em todo o território nacional e preparar-se para futuros embates eleitorais. O político tem insistido que a sua luta não é apenas partidária, mas também pela garantia de um Moçambique mais plural e democrático.
Apesar da dispersão violenta no aeroporto, Mondlane garantiu que continuará a sua agenda política e prometeu novas iniciativas de mobilização nas próximas semanas.