Um episódio trágico ocorrido esta segunda-feira na província de Maputo culminou com a morte de uma criança de 12 anos, alvejada a tiro por agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM), durante uma perseguição. O incidente desencadeou fortes protestos populares, que resultaram no linchamento de um agente, na queima de viaturas e no bloqueio da Estrada Nacional 1 (EN1), a principal via rodoviária do país.
De acordo com o Comando-Geral da PRM, quatro agentes envolvidos na perseguição dispararam contra a viatura em que seguia o menor com os pais, que se deslocavam para a província de Manica.
Reação popular e violência no local
Após o disparo fatal, os populares que presenciaram a situação, juntamente com os passageiros da viatura, agrediram os quatro agentes, tendo um deles, identificado como primeiro-cabo da polícia, sido linchado no local.
A revolta prolongou-se até à EN1, em Bobole, onde a população bloqueou a circulação de veículos desde as 06:00. Carros foram incendiados e a polícia recorreu a gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes, conseguindo repor o tráfego apenas por volta das 12:00.
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Comprar um espaço para minha empresa.Medidas disciplinares e responsabilização
O Comando-Geral da PRM classificou a atuação dos agentes como “comportamento desproporcional e imprudente” e anunciou que três dos polícias envolvidos estão sob custódia, com um processo disciplinar em curso visando a sua expulsão, além de diligências para responsabilização criminal.
Num comunicado enviado à imprensa, a polícia lamentou as duas mortes – da criança e do agente linchado – e apelou para que a sociedade não recorra à justiça pelas próprias mãos, independentemente das circunstâncias.
Contexto de tensão social
O episódio ocorre num cenário de forte fragilidade social e contestação política em Bobole, local que já tinha sido palco de protestos após as eleições gerais de 9 de outubro. O bloqueio da principal via do país e os confrontos entre a população e a polícia voltam a expor os desafios de confiança nas forças de segurança e o agravamento das tensões sociais.