Moçambique: Transportadoras optam por uma rota mais longa e “muito mais cara” para Durban por receio de ataques

Os transportadores rodoviários de Moçambique que fazem a rota Maputo-Durban continuam a utilizar uma via alternativa à principal “muito mais cara” para chegar ao destino, três meses depois dos ataques a viaturas do país na África do Sul, disse esta quinta-feira à Lusa a principal associação do sector.

Continuamos a usar o Eswatini [antiga Suazilândia] como rota alternativa para chegar a Durban, mas não é uma rota eficiente”, disse à Lusa o presidente do grupo Moçambique, África do Sul e Associados, Frederico Lopes. “Estamos a sofrer com os custos operacionais”.

Em causa estão ataques ocorridos nos últimos dois meses em que pelo menos 14 viaturas de Moçambique, incluindo civis, foram queimadas por assaltantes na estrada R22, entre Hluhluwe e Mbazwana, na província sul-africana de KwaZulu-Natal.

O troço fica a cerca de 90 quilómetros da fronteira entre os dois países e faz parte de uma rota utilizada por vários transportadores rodoviários entre Maputo e Durban.

De acordo com Lopes, a rota alternativa é muito mais cara e burocrática, exigindo que os veículos de Moçambique percorram mais 123 quilómetros para chegar a Durban.

“Quem está a utilizar a rota mais curta, a partir da Ponta do Ouro, são os transportadores sul-africanos, o que é, de certa forma, injusto. Os clientes acabam por optar pelas viaturas sul-africanas e nós, que já estamos a sofrer prejuízos, ficamos numa situação ainda mais difícil”, salientou Frederico Lopes.

Para além de percorrerem mais 123 quilómetros através de Eswatini, os transportadores rodoviários de Moçambique enfrentam ainda uma burocracia acrescida, uma vez que são obrigados a atravessar duas fronteiras internacionais.

“Os nossos passaportes têm de ser carimbados em Moçambique, no Eswatini e na África do Sul”, disse Lopes, aludindo aos procedimentos de entrada e saída entre os três países, incluindo algumas taxas a pagar nas fronteiras. “As pessoas que levamos são normalmente comerciantes e para elas estar a suportar as três fronteiras é um pouco complicado.”

Os ataques, que ocorreram sobretudo em Fevereiro, surgiram depois de as comunidades locais de KwaZulu-Natal se terem queixado de vários casos de roubos de viaturas posteriormente contrabandeadas para Moçambique – crimes que dizem ter ficado impunes.

Devido à sua relativa estabilidade económica a nível regional, e à força da sua moeda, a África do Sul é um dos países que mais imigrantes recebe de várias partes de África, sobretudo de Estados vizinhos como Moçambique.

A África do Sul, a maior economia da região, acolhe mais de 2 milhões de moçambicanos a trabalhar em minas, campos agrícolas e no comércio informal, de acordo com os últimos dados avançados pelas autoridades.

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