ONG acredita que ex-ministro será extraditado para os EUA

“O FMO sabe que Chang tem viagem marcada para os EUA: tarde ou cedo vai viajar” para que “possa haver justiça”, referiu.

Leia também: Tribunal Britânico Remete Caso Das Dívidas De Moçambique Para Arbitragem

Segundo Nuvunga, a extradição só ainda não aconteceu devido a “expediente político entre África do Sul e Moçambique”, que também reclama a sua extradição, por forma a travar revelações que impliquem outras figuras, defendeu – num caso que já conta com 19 arguidos em Moçambique.

O ativista, coordenador do FMO e diretor do Centro para Democracia e Desenvolvimento (CDD) falava hoje num debate via Internet sobre o ponto de situação dos processos internacionais relacionados com as dívidas ocultas em Moçambique.

Manuel Chang está detido desde dezembro de 2018 na África do Sul a pedido dos EUA, que o querem julgar por ter assinado as garantias soberanas que estão na base das dívidas ocultas do Estado no valor de cerca de dois mil milhões de euros e que terão lesado investidores norte-americanos.

No entanto, após a detenção, Moçambique intentou também junto da justiça sul-africana a sua extradição.

“Se Chang começar a contar a sua história” será possível obter “uma determinação das verdadeiras responsabilidades” no caso de fraude e lavagem de dinheiro, disse, no mesmo debate, André Thomashausen, académico e jurista sul-africano que segue o assunto.

“Por isso é um assunto tão quente”, acrescentou.

Segundo Thomashausen, as relações de Moçambique com o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, permitem, “por enquanto, impedir que Chang faça a sua viagem para Nova Iorque”.

Mas “o ministro da Justiça [sul-africano] diz que não há base legal para a extradição para Maputo e o caso fica pendurado”. “Vamos ver se continua assim por muito tempo”, acrescentou.

Leia também: Moçambique/Dívidas: Tribunal Supremo Ordenou Libertação De 11 Dos 18 Detidos

Thomashausen pensa que os EUA poderão propor a Chang penas atenuadas ou um regresso a casa mais célere se colaborar com as autoridades, mas nota que o ex-ministro das Finanças se tem mantido em silêncio, o que interpreta como sinal de lealdade para com Moçambique.

O académico e jurista disse mesmo, no debate de hoje, que a Procuradoria-Geral da República (PGR) moçambicana devia equacionar usar a seu favor o testemunho do ex-ministro.

Chang “poderá ajudar a ganhar o processo contra a Privinvest e o Credit Suisse”, porque “poderá explicar onde houve influência indevida”.

leave a reply