SENEGAL: Macky Sall não é candidato a um 3° mandato nas presidenciais e o mundo aplaude decisão

Depois de meses de suspense, o Presidente Macky Sall dirigiu-se à Nação e anunciou ontem que não é candidato a um terceiro mandato, nas presidenciais do ano que vem. Este anúncio surge num contexto de grande tensão, depois do seu principal opositor Ousmane Sonko ter apelado os senegaleses a ir manifestar.

“Caros compatriotas, a minha decisão resultante de uma longa reflexão é de não ser candidato à próxima eleição do 25 de Fevereiro de 2024 e isto apesar de a Constituição me dar o direito de o ser”, começou por dizer o Presidente.”Sei que esta decisão vai surpreender todos aqueles -que são numerosos- cuja admiração, confiança e fidelidade sincera eu conheço. Ela vai surpreender também aqueles que gostariam de me ver continuar a guiar a construção do Senegal”, acrescentou.

Durante este discurso, o Presidente não deixou igualmente de condenar os actos de violência ocorridos no mês passado, depois da condenação a dois anos de prisão do seu principal adversário, Ousmane Sonko, num caso de agressão sexual. Segundo dados oficiais, estes confrontos provocaram 16 mortos, a Amnistia Internacional contabilizando 24 óbitos e a oposição uns 30.

Ainda antes do discurso do Presidente, o seu principal adversário que goza de uma forte popularidade nas franjas mais jovens da população, apelou os senegaleses a sair “massivamente” para a rua e a operar um “sobressalto nacional”, quer Macky Sall confirmasse ou não a sua candidatura.

Khalifa Sall, antigo autarca da capital e presidente do movimento ‘Taxawu Senegal’ na oposição, considerou que Macky Sall “acaba de tomar uma boa decisão”. No mesmo sentido, Mary Teuw Niane, presidente do partido MTN, outro opositor que se tinha pronunciado abertamente contra um terceiro mandato de Macky Sall, disse “tomar nota do respeito da ética e da palavra dada”, referindo-se indirectamente à promessa feita por Macky Sall em 2019 de que não seria candidato a um terceiro mandato.

“O anúncio claro do Presidente Sall constitui um exemplo para a região, em contraste com aqueles que procuram corroer o respeito pelos princípios democráticos, incluindo os limites de mandatos”, afirmou Blinken, citado pela agência France-Presse.

“Acreditamos que eleições livres e justas e transições de poder constroem instituições mais fortes e países mais estáveis e prósperos”, acrescentou o secretário de Estado norte-americano, que disse que o seu país está “orgulhoso de apoiar as instituições eleitorais do Senegal” e prometeu “continuar a trabalhar com o Senegal para apoiar o compromisso tenaz do povo senegalês com a democracia”.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, o presidente da Comissão da União Africana (UA), Moussa Faki Mahamat, e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, saudaram a decisão do Presidente senegalês, Macky Sall, de não tentar um terceiro mandato.

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“Expresso a minha admiração pelo grande estadista que ele é por ter colocado os interesses superiores do Senegal em primeiro lugar e assim ter preservado o modelo democrático senegalês, que é o orgulho de África”, acrescentou o chefe da Comissão (secretariado) da UA.

Na mesma linha, Michel também disse “congratular-se” com o anúncio de Sall.

Também o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, enquanto presidente da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), saudou a “decisão corajosa” do seu homólogo senegalês, de não se recandidatar a um terceiro mandato, considerando-o um “grande estadista”.

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