O ex-candidato à presidência de Moçambique, Venâncio Mondlane, anunciou na sexta-feira a criação do seu próprio partido político, após o fim da sua relação com o partido Podemos, com o qual tinha um “acordo político” para as eleições presidenciais de outubro passado.
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Anuncie aqui: clique já!“Este ano, vamos criar o nosso próprio partido”, disse Mondlane, sem dar mais detalhes, falando da cabine de um veículo diante de milhares de pessoas no centro de Chibuto, na província de Gaza, sul de Moçambique.
Esta decisão surge após desentendimentos entre Mondlane e a liderança do partido Pessoas Optimistas para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), uma força política que viu a sua popularidade crescer depois de anunciar, em 21 de agosto de 2024, o apoio à candidatura de Mondlane nas eleições presidenciais de 9 de outubro.
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Comprar um espaço para minha empresa.“Este ano, vamos apresentar o nosso próprio partido. Chega de dar boleias para os ‘penduras’”, declarou o político moçambicano, aplaudido por milhares de apoiantes que o seguiram pelas ruas de um dos principais bairros de uma província considerada o “bastião” do partido no poder, o Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).
O “acordo político” entre Mondlane e o Podemos foi assinado pouco depois do político ter visto a sua Coligação da Aliança Democrática (CAD) ser rejeitada pelo Conselho Constitucional devido a “irregularidades”.
Nas eleições de 9 de outubro, o Podemos, que nunca teve um deputado desde a sua criação em 2019, tornou-se o maior partido da oposição em Moçambique, tirando esse status à Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), que detinha esse estatuto desde as primeiras eleições multipartidárias em 1994.
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Anuncie aqui: clique já!No novo parlamento de 250 assentos, o Podemos tem 43, a Renamo tem 28, e o MDM tem 8, enquanto o Frelimo, no poder desde a independência, detém a maioria parlamentar, com 171 deputados.
Na terça-feira, o conselheiro de Mondlane, que trabalhou com os três principais partidos políticos de Moçambique, anunciou o fim da relação com o Podemos, acusando essa formação de “trair a luta do povo”.
“Para nós, como nem tudo na vida é dinheiro e cargos, e por respeito à dor de milhares de moçambicanos que pagaram com o seu sangue, membros mutilados, sequestros, execuções sumárias e extrajudiciais ou até privação de liberdade, renunciamos [a todos] os direitos e prerrogativas em favor do partido Podemos”, lê-se num documento do autodenominado “Gabinete do Presidente eleito pelo povo”, assinado por Dinis Tivane, conselheiro de Mondlane.
No documento, o Podemos é acusado de adulterar o acordo político que existia entre os dois partidos e é criticado por ter sido incluído na mesa de diálogo para terminar a crise pós-eleitoral, promovida pelo presidente do país, Daniel Chapo, sem apresentar ao público “uma agenda concreta ou propor termos de referência”.
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Comprar um espaço para minha empresa.O porta-voz do governo e ministro da administração do Estado e da função pública, Inocêncio Impissa, apelou hoje, numa conferência de imprensa em Maputo, para que Mondlane faça parte do processo de pacificação do país, mas frisou que o político “não pode ser esperado para ser convocado [para o diálogo] como se fosse um representante de um partido”, acrescentando: “O que sabemos é que ele não é de nenhum partido”.
Moçambique tem vivido intensas perturbações sociais desde outubro, com manifestações e greves organizadas principalmente por Venâncio Mondlane, que contesta os resultados eleitorais que deram a vitória a Daniel Chapo, o candidato apoiado pelo Frelimo.
Hoje, pequenas manifestações acontecem em várias partes do país, onde, além de contestarem os resultados, as pessoas reclamam do aumento do custo de vida e de outros problemas sociais.
Desde outubro, pelo menos 327 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 750 foram baleadas durante as manifestações, segundo a plataforma eleitoral Decide, uma organização não governamental que monitora os processos eleitorais.