O Presidente da República, Filipe Nyusi, inaugurou, na passada sexta-feira, o edifício da filial do Banco de Moçambique, no Chimoio, um empreendimento orçado em 571 milhões de meticais.
Aquando da cerimónia da inauguração, várias foram as vozes que elogiaram o empreendimento, tido na ocasião como um dos mais emblemáticos da capital da província de Manica.
Uma das figuras que ficou bastante impressionada com a obra foi o próprio governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, que chegou a considera-la de arquitectura moderna e resiliente a qualquer tempestade.
“O edifício da filial de Chimoio desenvolveu-se com o aproveitamento dos escritórios do antigo Banco Nacional Ultramarino e dispõe de uma área total pavimentada de 10 mil metros quadrados, combinando os padrões de arquitectura moderna, beleza, conforto e resiliência às mudanças climáticas”, disse Zandamela.
E não tardou que o teste viesse mesmo da própria natureza. 24 horas depois, ou seja, sábado, o edifício recebeu cargas de água da chuva e o tecto, segundo imagens amadoras que circulam nas redes sociais, mostrou não ter resiliência nenhuma às intempéries.
A situação gerou um atirar de culpas da construtora Soares da Costa Moçambique ao fiscal da obra.
“Devemos referir que as vigas de betão, quer a laje que constitui o tecto do auditório, são originais da construção do antigo edifício do Banco Nacional Ultramarino e constituídas por betão armado bastante poroso. Aquando da reabilitação, seguindo as instruções da Fiscalização/Projectista, foi efectuada a impermeabilização com telas asfálticas da superfície superior da laje, subindo as telas até um nível das vigas que na altura se julgou adequado. Ora, com a subida do nível da água acima da cota de remate das telas inferiores e devido à natureza do betão existente, como antes referido, a água infiltrou-se com bastante expressão manifestando-se no tecto do interior do auditório”, refere o comunicado.
Argumentos técnicos à parte, a verdade é que o edifício demonstrou fragilidades decorrentes da chuva que durante 15 minutos se fez sentir no último sábado no Chimoio.
As imagens inundaram as redes sociais e o jurista Faizal Castigo diz que a situação revela falta de clareza no processo de contratação para obras e diz que é preciso encontrar-se uma saída.
“Estamos em situação de incumprimento contratual, apesar de ser incumprimento parcial, tendo em conta que a obra foi executada, mas ela tem os seus defeitos e cabe o Banco accionar a garantia de modo que o empreiteiro possa corrigir os erros”, referiu o jurista.
Castigo entente por outro lado que mais do que isso, a imagem do Banco de Moçambique ficou manchada, tendo em atenção que altas individualidades testemunharam a inauguração do edifício como sendo de qualidade, quando na verdade não é isso.
Por: O País