Tudo começou quando Onik Gasparyan, o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas exigiu a demissão de Nikol Pashinyan, e do seu governo, através de um comunicado assinado por quase todas as chefias militares do país, depois do primeiro-ministro ter demitido algumas patentes, entre as quais o vice de Gasparyan.
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O comunicado defendia que o “primeiro-ministro e o Governo já não estão em condições de tomar decisões sensatas”, e que “durante bastante tempo as forças armadas toleraram os ataques e as difamações do governo, mas que tudo tem os seus limites”. O comunicado responsabiliza o Governo de ter cometido erros que ameaçam a integridade do Estado.

O primeiro-ministro estava numa posição muito fragilizada desde que assinou, em Novembro passado, um humilhante acordo de cessar-fogo com a Rússia e o Azerbaijão para pôr fim a uma sangrenta guerra sobre o enclave de Nagorno-Karabakh, um pedaço de território azeri habitado e controlado por arménios.
Depois de 6 semanas de guerra, o Azerbaijão conseguiu reconquistar não só uma parte do enclave, mas também os territórios azeris envolventes que o ligavam à Arménia, também anteriormente ocupados por separatistas arménios.

A clara derrota no teatro de guerra foi mal digerida internamente, e desde então Pashinyan tem estado sob pressão – primeiro resistiu às manifestações populares que denunciavam a vergonhosa capitulação, depois resistiu a várias moções de censura no parlamento, para agora ser confrontado com uma revolta dos militares, depois de acusações mútuas sobre as responsabilidades dos acontecimentos.
Enquanto jatos militares sobrevoavam a capital, Pashinyan foi rápido a denunciar a tentativa de golpe militar, e de megafone em punho saiu para a Praça da República, a mais central da capital, juntamente com a sua mulher e filhas, e alguns ministros, e rodeado de milhares de apoiantes.

Pashinyan foi eleito em 2018, após uma revolução pacífica ter derrubado o anterior regime, sempre muito próximo e dependente da Rússia. Enquanto os partidos da oposição já pediram a Pashinyan para se demitir e assim evitar uma “guerra civil”, a influente igreja ortodoxa e o presidente Armen Sarkisian apelaram à calma, para se encontrar uma solução pacífica.
A tentativa de golpe de estado já foi condenada pela vizinha Turquia – que viveu em 2016 uma situação similar, enquanto o rival Azerbaijão advertiu contra qualquer tentativa de “revanchismo”. Moscovo já disse que estava a acompanhar a situação com atenção.