Moçambique: O banco voltou a Palma, o povo saiu à rua e nem o presidente faltou

« O banco chegou », afirmou o chefe de Estado, Filipe Nyusi, na vila de Palma, Cabo Delgado, ao presidir à reabertura e inauguração da agência do Millennium Banco Internacional de Moçambique (BIM), recebido em festa por centenas de populares, concentrados, debaixo do sol, várias horas antes, junto às instalações, renovadas.

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A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada, que subiu de gravidade em 2021, com a tomada de Palma, vila hoje segura e fortemente vigiada.

« Uma semana depois do último ataque a esta vila, estive aqui. Visitei os jovens que estavam nas trincheiras e passei por aqui, vi como estava desfeito o banco. Este e também os bancos vizinhos que operavam aqui. É emocionante ver que o homem, quando quer, faz », afirmou Nyusi, perante os gritos e aplausos do povo, numa vila com cerca de 40 mil habitantes que deixam de estar obrigados a uma longa viagem de várias horas, ainda perigosa, até às agências bancárias dos distritos mais próximos.

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Elementos associados ao Estado Islâmico realizaram um total de 384 ataques em 2021, que resultaram em 1.127 mortos entre civis, forças armadas moçambicanas e combatentes, segundo um relatório do gabinete de contraterrorismo do Departamento de Estado norte-americano.

Em 24 de março de 2021, os insurgentes atacaram a vila de Palma, no nordeste do país, criando milhares de deslocados internos à medida que expandiam o controlo a outros distritos da província de Cabo Delgado, o que de resto levou a TotalEnergies a suspender as suas operações de desenvolvimento de gás natural na península de Afungi.

Em Palma, enquanto aguardava a inauguração do balcão do Millennium BIM (detido em 66,68% pelo português BCP e 17,12% pelo Estado moçambicano), Assomane Mana, agricultor de 43 anos, fazia contas à vida, encostado à parede do bar defronte para o evento que animou hoje a vila. « Veio facilitar, porque agora já não tenho de ir para o banco em Mueda », explicava, à conversa com a Lusa, enquanto centenas se aglomeravam mais à frente, junto à estrada.

Sobre o passado, conta que perdeu a irmã nos ataques terroristas à vila, mas também diz que é tempo de olhar para o futuro, apelo que o Presidente faria pouco depois, defendendo que a população acolha quem ainda está « nas matas ».

« Palma está bem, está segura. Até demais », brincou o agricultor, que mais tarde chegar-se-ia perto da cerimónia para ouvir Filipe Nyusi recordar o período em que os bancos encerraram em Palma, aquando da destruição provocada pelos ataques, nomeadamente o do Millennium BIM.

Esta atividade « foi forçada a ser interrompida por um inimigo cobarde e sem rosto », disse. « Estamos perante um sinal inequívoco que o nosso foco num futuro em paz, suplanta em muito o sentimento de ódio e desavença que apenas semeia o luto e implica o atraso económico », afirmou o chefe de Estado.

Para o presidente do conselho de administração do Millennium BIM, Rui Cirne Fonseca, com esta reinauguração, o banco, um dos três maiores de Moçambique, « mostra o seu empenho » e « o seu compromisso » em « servir esta população de Palma ».

O objetivo é « servir os agentes económicos de Palma e fazer com que a normalidade nesta parte do país regresse rapidamente para sossego de todos, de todo o país, e para que esta província possa progredir como merece », acrescentou Rui Cirne Fonseca.

Enquanto isso, a estudante Adija Aduai, 24 anos, assistia, de fora, à cerimónia de inauguração: « Agora já temos banco. Antes tínhamos de ir para Mueda, era muito longe, muito tempo, ida e volta. Só falta o dinheiro ».

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À conversa com a Lusa, descrevia, em tom de brincadeira, a atual situação em Palma: « Está tudo bem, nas calmas. Até demais. Mas é melhor assim ».

A chegada ao terreno das forças pertencentes à missão em Moçambique da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e das Forças de Defesa do Ruanda (RDF) a partir de julho de 2021 permitiu às Forças de Defesa e Segurança moçambicanas (FDS) a recuperar território, incluindo Palma e Mocímboa da Praia, uma cidade portuária estratégica que os insurgentes tinham tomado em 2020.

Agora, aos poucos, a destruição provocada por meses de violência e atrocidades, começa a ficar para trás em Palma.

« Para quem viu Palma destruída, hoje é complemente diferente », sublinhou o Presidente, garantindo que « está a voltar a ser aquela vila de Palma », e reconhecendo o contributo que está a ser dado pelas forças internacionais na pacificação dos distritos do norte de Cabo Delgado.

« A vinda, o retorno deste balcão [do Millennium BIM], é pressão para a população, mas sobretudo para as Forças de Defesa e Segurança », garantiu, deixando o apelo: « Continuar com a bravura necessária para manter esta acalmia que caracteriza a vila de Palma. Preservarmos a nossa independência, mantendo Moçambique como um país soberano na sua plenitude territorial, uno e indivisível ».

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

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