A variante Ómicron é um determinante claro deste aumento exponencial do número de casos nos últimos tempos […] Das amostras elegidas para testagem, a variante Ómicron domina por completo os dados e praticamente o gráfico de dezembro corresponde inteiramente a esta variante”, disse Sérgio Chicumbe, diretor para a Área de Inquéritos e Observação de Saúde do INS, em entrevista.
Moçambique tem estado a registar um aumento significativo de novas infeções, com o número de casos ativos a passar de 17.623 na última semana para 36.733 até quarta-feira, apesar de o número de óbitos não estar a registar a mesma tendência, segundo a última atualização do Ministério da Saúde.
Para o INS, o aumento do número de novas infeções diárias é resultado da circulação da variante Ómicron, que foi inicialmente detetada em amostras colhidas no mês de novembro de 2021 em Maputo e, rapidamente, tornou-se a variante dominante.
“Estamos, em média diária, a fazer cerca de 8.000 testes e estamos a detectar milhares de indivíduos infetados. Isto traduz um aumento exponencial que é característico de uma vaga com o número de casos detetados muito altos”, frisou Sérgio Chicumbe.
Apesar do aumento do número de infeções, a incidência de casos graves que resultem em internamentos ou óbitos é extremamente reduzida, o que para Sérgio Chicumbe abre espaço para que a “vida social” continue, embora com cuidados preventivos reforçados.
“A patogenicidade do vírus para internamento e óbito é relativamente baixa e, por isso, acho que é uma situação confortável manter a vida social e económica em curso, ao mesmo tempo que insistimos nas questões de adesão às medidas preventivas e, por outro lado, intensificamos o rastreio de casos”, declarou.
As conclusões de que a variante Ómicron é dominante em várias províncias de Moçambique resulta de análises qualitativas de genotipagem que estão a ser desenvolvidas pelo Instituto Nacional de Saúde de Moçambique, através da Rede Nacional de Vigilância Genómica do SARS-CoV-2, mas o número específico ou a percentagem de pessoas infetadas por esta variante só será conhecida depois das análises quantitativas.
Para Sérgio Chicumbe, o importante atualmente é consciencializar as pessoas de que as tecnologias que foram adotadas para travar a doença desde a sua eclosão continuam úteis, embora devam ser sempre atualizadas face ao surgimento de novas variantes.
“As tecnologias existentes ainda são válidas para todas as variantes, mas está claro que é preciso fazer uma nova geração de tecnologias, sejam vacinas ou testes, para nos anteciparmos a uma eventual emergência de uma variante que possa escapar à testagem ou a imunidade induzida pela vacinação”, concluiu.