De acordo com os dados mais recentes do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do Japão, 686.061 bebés nasceram no país em 2024, o que representa uma diminuição de 41.227 em relação a 2023. Este é o nono ano consecutivo de declínio nas taxas de natalidade, num cenário de envelhecimento acelerado da população e de queda nos casamentos.
As estatísticas publicadas esta quarta-feira indicam ainda que a taxa de fecundidade — ou seja, o número médio de filhos por mulher ao longo da vida — caiu para o nível recorde de 1,15. O número de óbitos atingiu 1,6 milhão, mais do que o dobro das nascimentos, e representa um aumento de 1,9% em relação a 2023.
Atualmente com cerca de 124 milhões de habitantes, o Japão regista um declínio populacional estrutural desde 2008. Embora o arquipélago tenha conhecido um “baby boom” entre 1971 e 1974, com mais de dois milhões de nascimentos por ano, esse período ficou no passado. Hoje, fatores como os custos com educação, a precariedade no mercado de trabalho, a insegurança económica e a mudança de mentalidades contribuem para a diminuição da parentalidade.
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Comprar um espaço para minha empresa.Autoridades em alerta
Nas grandes cidades como Tóquio e Osaka, as novas gerações priorizam cada vez mais a carreira, a independência e o bem-estar pessoal. Essa tendência preocupa as autoridades, uma vez que a escassez de mão de obra já se faz sentir em setores essenciais como a saúde, a agricultura e a logística.
O desequilíbrio demográfico coloca em risco direto a viabilidade do sistema de saúde, das pensões e do seguro nacional de saúde. As contribuições diminuem, enquanto os encargos aumentam com o envelhecimento da população.
O primeiro-ministro, Shigeru Ishiba, descreveu a situação como uma « emergência silenciosa« , alertando que, se a tendência continuar, o país poderá enfrentar graves fragilidades sociais e económicas. Para travar este declínio, o governo anunciou um plano de apoio à parentalidade, com medidas para conciliar a vida profissional e familiar, e o desenvolvimento de novas ferramentas digitais, incluindo uma aplicação para facilitar encontros, com o objetivo de incentivar novas uniões e, futuramente, mais nascimentos.
O executivo também planeia intensificar esforços para revitalizar as zonas rurais, marcadas pela desertificação. Em muitas regiões, mais de 65% da população tem 65 anos ou mais, segundo o Ministério do Interior, que identifica mais de 20 mil localidades com este perfil etário. Em risco de abandono, essas comunidades dependem agora de políticas de fixação, incentivos fiscais e investimento em infraestruturas locais.
Embora o Japão tenha apostado fortemente na robotização e na inteligência artificial para mitigar o impacto da baixa natalidade, especialistas alertam que, sem uma resposta política e social robusta, a população poderá cair abaixo dos 100 milhões de habitantes até 2050, conforme as projeções oficiais.